XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
Ao questionar a epistemologia da ciência convencio-
nal (evolucionista, mecânica, universal), a agroecologia bus-
ca “outras” epistemologias no sentido de “gerar um conhe-
cimento holístico, sistêmico, contextualizador, subjetivo e
pluralista, nascido a partir das culturas locais” (SEVILLA GUZ-
MÁN, 2001, p. 35). Se fundamenta numa relação dialógica
horizontal com a diversidade dos conhecimentos existentes,
valoriza os sujeitos e suas relações buscando perceber as
singularidades e não a universalidade. É a ruptura de rela-
ções hierárquicas de poder em todas as instâncias sociais,
econômicas, humanas, superando as totalidades homogê-
neas e excludentes caminhando na direção da compreensão
de novas alternativas epistemológicas que considerem a di-
versidades de experiências, de práticas e de saberes.
Portanto, educar numa perspectiva agroecológica
é estar acompanhando o que Freire (1982) identificava já
nos anos de 1960, ou seja, a crença no homem e na mulher
enquanto seres históricos-sociológicos do conhecimento
e, portanto, conscientes disto, se percebem inseridos num
permanente movimento de procura, fazendo e refazendo
constantemente o seu saber. É negar a visão do “outro”
(camponês/as, agricultores/as, indígenas e povos tradicio-
nais) como imersa na “absolutização de sua ignorância”, e
por isto, passível de transmissão, compreendido/da como
objeto de sua ação. É valorizar os saberes tradicionais e po-
pulares negando o processo de invasão cultural traduzido
em relações autoritárias e de deslegitimação do outro e de
suas crenças, tradições, saberes, relações. Pois “toda inva-
são cultural pressupõe a conquista, a manipulação e o mes-
sianismo de quem invade” (FREIRE, 1982, p. 42) e, portan-
to, tem imbricado em si a compreensão de que o “outro” é
objeto de sua ação e precisa ser despido, descaracterizado,
anulado de suas sabedorias e conhecimentos a fim de ser
“preenchidos” com a cultura invasora e dominadora.
Isto não significa o abandono do exercício reflexivo e
crítico dos diferentes saberes, ou seja, não é a legitimação
do senso comum, da “doxa” na qual os homens/mulheres