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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
A EFASC dentro de uma região caracterizada pela pro-
dução e processamento do tabaco surge tendo o desafio
de trazer para a visibilidade “outras” relações, experiências,
produções e práticas agrícolas que, historicamente, se fa-
zem presentes nas vivências das famílias agricultoras desta
região, mas que não condizem com a visão social de mundo
capitalista, colonizadora e patriarcal. A marca de uma região
fumageira inviabiliza “outras” agriculturas, em especial, pela
justificativa da desvalorização financeira destas em compa-
ração com a fumicultura. Isto demonstra a centralidade nas
relações produtivas capitalistas (valorização centrada em
ações que geram valor mercadológico), o que marginaliza o
trabalho das mulheres na agricultura que, mesmo não quan-
tificados financeiramente, são fundamentais à existência e
manutenção da família agricultora desta região.
Portanto, o desafio constante e problematizador da
articulação política pedagógica mulheres e agroecologia no
contexto pedagógico da EFASC pode se apresentar como
possibilidade emancipatória, pois o próprio movimento pe-
dagógico traduzido na pedagogia da alternância e na re-
lação educativa partilhada e dialética tem possibilitado as
mulheres se perceberam no seu contexto, suas ações e seus
saberes. É através da unidade prática e teoria que emergem
espaços de reconhecimento das experiências agroecológi-
cas das mulheres e também possibilidades de renda, que
frente ao contexto desigual, opressor, marginalizador do
trabalho feminino limitado ao espaço privado, dos cuidados
do lar, enquadrado como “ajuda”, se apresenta como pos-
sibilidade de diminuir o êxodo rural de muitas jovens mu-
lheres agricultoras que migram para as cidades na busca de
emprego, renda, escolaridade e de maior valorização do seu
trabalho. É a materialização das possibilidades emancipató-
rias das jovens mulheres agricultoras através do reconhecer-
-se de si, de seu trabalho e de suas experiências embasadas
na troca e na valorização de outras mulheres presentes nas
suas vivências diárias na agricultura reconhecendo-se como
produtoras de conhecimento.