Table of Contents Table of Contents
Previous Page  495 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 495 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

495

EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO:

RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS

tem que lutar pelo resgate das sementes e isso não

é novo, nossos avós já faziam isso

6

(Daniel Silveira,

Estudante da EFASC, 2015).

Na fala desse educando pode-se compreender que na

história do campesinato, ao perpassar gerações, há saberes

que são oriundos da experiência e quem os “detêm” pode

compartilhar e isto configura-se como um processo educati-

vo evidenciando que há uma epistemologia do campo, uma

leitura do mundo e não um conhecimento defasado. Para

Paulo Freire, esse é o saber da experiência feita e o educador

popular ainda reflete sobre a necessidade do homem e da

mulher desmistificarem a ciência e, “é neste sentido que o

saber da experiência feita representa uma importante con-

tribuição para a valorização do senso comum, ou seja, para

que se perceba criticamente o que nele há de bom senso”.

(FREIRE, 1992).

Em outra passagem Freire escreve que “o educador ou

a educadora progressista, ainda quando, às vezes, tenha de

falar ao povo, deve ir transformando o ao em com o povo.

Isto implica o respeito ao saber da experiência feita”. (1992,

p.25). E assim se constitui a Pedagogia da Alternância na

EFASC, respeitando as experiências e tomando-as como re-

ferência na produção do conhecimento transformador, que

processualmente vai sendo feito a muitas mãos com os su-

jeitos. Porque há um jeito de fazer próprio do camponês e

da camponesa como se pode observar na fala do agricultor

familiar Seu Sérgio, uma vez que

Tem gente que acha que produzir orgânico é mais

difícil, mas eu não acho. É que as pessoas estão

acostumadas com o fumo né, onde recebem todas

as orientações e os insumos são prontos, é “apli-

cação na propriedade”. E com o orgânico não tem

receita, o que tem é a troca de conhecimentos entre

os vizinhos, mas cada pessoa é responsável por fa-

zer suas caldas, preparar a composteira e cuidar da

sua produção. E isso é bom, agregar autonomia e

autoconfiança na propriedade. O agricultor fazen-

6

Anotações do Diário de Campo, Santa Cruz do Sul, 27/04/2015.