Table of Contents Table of Contents
Previous Page  494 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 494 / 2428 Next Page
Page Background

494

EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

No diálogo entre Paulo Freire e os agricultores e agri-

cultoras chilenos/as, descrito no livro Pedagogia da Espe-

rança- Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido, re-

sultou em um jogo de saberes, os agricultores e agricultoras

sabiam muitas coisas que Freire não sabia e Freire sabia,

também, muitas coisas que os campesinos não sabiam. Mas

é interessante notar que as perguntas que os camponeses

e camponesas fizeram a Freire estavam todas vinculadas às

suas experiências de trabalho, ou seja, de relação com a ter-

ra. Paulo Freire, do mesmo modo, realizou questionamentos

vinculados ao seu trabalho como educador, escritor, filósofo

(...). Ao fim do jogo houve um empate, todos/as sabiam coi-

sas e ignoravam coisas e assim como Freire, se utilizou de

suas referências pedagógicas e epistemológicas para tramar

o diálogo, os camponeses e camponesas também tiveram

suas referências pedagógicas e epistemológicas, o campo.

Assim, o entrelaçamento dos saberes populares com

a experiência dos povos do campo na elaboração de uma

referência epistemológica, tem como premissa se produzir

nas tensões entre o saber popular e o conhecimento cientí-

fico, entre as experiências vividas e refletidas e os programas

escolares. A Educação do Campo, desse modo, segundo

Fernandes (2015), nasce para proteger o território campo-

nês que não se refere somente ao espaço geográfico, mas o

campesinato como um todo e, com isso é a roça onde está

plantado o milho, mas também o diálogo que acontece nos

movimentos, a educação pela qual se luta, a luta diária pela

terra, pelo alimento e pela humanização.

Ao proteger esse espaço, uma das ações que se coa-

duna à Educação do Campo é a recuperação das sementes

crioulas como forma de autonomia do campesinato em seu

território, para tanto os saberes populares e as experiências

dos povos do campo são fundamentais nesse processo, pois

Aqui na escola a gente tem o nosso banco de se-

mentes. A gente troca entre nós as diferentes se-

mentes e já deixa uma quantidade de plantas des-

tinadas para, depois do processo de secagem, tam-

bém, virem para escola. É que o agricultor hoje, ele