490
EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
o papel do educando e da educanda em uma relação de
aprendizagem com suas famílias e educadores/as e, do mes-
mo modo, de ensino conforme se dá o encontro do saber
popular com o científico; e os educadores e educadoras, en-
quanto escola problematizam o encontro de conhecimen-
tos. Assim, por meio dessa partilha as práxis educativas são
ressignificadas, na vida de cada um dos sujeitos envolvidos,
construindo a importância do saber transformador.
Deste modo, observamos que a pedagogia da alter-
nância que se constitui na Escola Família Agrícola (EFA) in-
vestigada pode ser compreendida como (des) colonial
3
sen-
do protagonizada pelos agricultores e agricultoras com seus
saberes populares e experiências. Numa perspectiva colo-
nialista há um padrão universal que classifica o conhecimen-
to como válido e não válido. O válido está para a razão indo-
lente, enquanto que o não válido está para os considerados
inferiores perante o europeu colonizador, os não humanos,
portanto a desumanização das classes populares frente a ra-
cionalidade dominante. Ao resistir às heranças colonialistas
impregnadas na educação, considerando alternativas peda-
gógicas e epistemológicas, o homem e a mulher do campo,
na busca pelo ser mais como caminho para emancipação
humana, tramam práxis educativas libertadoras.
Os caminhos teórico-metodológicos para a elabora-
ção deste trabalho foram vinculados aos elementos da pes-
quisa participante, de modo que as entrevistas semiestrutu-
radas com os/as do-discentes, a observação participante, a
análise documental e os registros em diário de campo ofe-
3
A respeito de colonialidade e (des) colonialidade, Aníbal Quijano (2005)
discorre que a colonialidade se instaura em uma sociedade através de di-
ferentes mecanismos a começar pela superioridade de raça até o eurocen-
trismo como lógica única e aceitável de ordenamento da subjetividade /
intersubjetividade implicando no processo de produção do conhecimento.
O colonialismo traz historicamente não somente à imposição de padrões e
valores culturais, como também um padrão epistemológico e a (des) colo-
nialidade do conhecimento vai se efetivando a partir das rupturas, estabe-
lecidas através das lutas sociais emancipatórias, com o padrão segregador
do conhecimento. Assim, ainda conforme Lander (2005) a colonialidade
oprime e a (des) colonialidade liberta e, a libertação é uma premissa im-
portante na educação do campo.