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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO: RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

o papel do educando e da educanda em uma relação de

aprendizagem com suas famílias e educadores/as e, do mes-

mo modo, de ensino conforme se dá o encontro do saber

popular com o científico; e os educadores e educadoras, en-

quanto escola problematizam o encontro de conhecimen-

tos. Assim, por meio dessa partilha as práxis educativas são

ressignificadas, na vida de cada um dos sujeitos envolvidos,

construindo a importância do saber transformador.

Deste modo, observamos que a pedagogia da alter-

nância que se constitui na Escola Família Agrícola (EFA) in-

vestigada pode ser compreendida como (des) colonial

3

sen-

do protagonizada pelos agricultores e agricultoras com seus

saberes populares e experiências. Numa perspectiva colo-

nialista há um padrão universal que classifica o conhecimen-

to como válido e não válido. O válido está para a razão indo-

lente, enquanto que o não válido está para os considerados

inferiores perante o europeu colonizador, os não humanos,

portanto a desumanização das classes populares frente a ra-

cionalidade dominante. Ao resistir às heranças colonialistas

impregnadas na educação, considerando alternativas peda-

gógicas e epistemológicas, o homem e a mulher do campo,

na busca pelo ser mais como caminho para emancipação

humana, tramam práxis educativas libertadoras.

Os caminhos teórico-metodológicos para a elabora-

ção deste trabalho foram vinculados aos elementos da pes-

quisa participante, de modo que as entrevistas semiestrutu-

radas com os/as do-discentes, a observação participante, a

análise documental e os registros em diário de campo ofe-

3

A respeito de colonialidade e (des) colonialidade, Aníbal Quijano (2005)

discorre que a colonialidade se instaura em uma sociedade através de di-

ferentes mecanismos a começar pela superioridade de raça até o eurocen-

trismo como lógica única e aceitável de ordenamento da subjetividade /

intersubjetividade implicando no processo de produção do conhecimento.

O colonialismo traz historicamente não somente à imposição de padrões e

valores culturais, como também um padrão epistemológico e a (des) colo-

nialidade do conhecimento vai se efetivando a partir das rupturas, estabe-

lecidas através das lutas sociais emancipatórias, com o padrão segregador

do conhecimento. Assim, ainda conforme Lander (2005) a colonialidade

oprime e a (des) colonialidade liberta e, a libertação é uma premissa im-

portante na educação do campo.