XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
489
EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO:
RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
ver e trabalhar sempre foram apontados de forma ingênua
ou preconceituosa. A história da educação no país revela o
quanto à população do campo não teve acesso ao ensino ou
o acessou precariamente (CALDART, 2010).
Em contraponto a realidade fatalista, à extensão do
agronegócio e o descaso com a educação e saúde dos po-
vos do campo, na Região do Vale do Rio Pardo, no ano de
2009, foi instituída uma escola do campo, a Escola Família
Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC), com intuito de tra-
mar um processo educativo que possibilitasse aos homens
e mulheres pensarem estratégias libertadoras de vida do e
no campo. Um dos princípios dessa escola é o protagonis-
mo do homem e da mulher do campo. Para tanto, recupera
uma proposta educativa chamada Pedagogia da Alternância
na qual estudo (teoria) e trabalho (prática em casa e na co-
munidade) compõem uma práxis voltada para técnicas de
cultivo e plantio que diversifiquem a agricultura com base
em princípios agroecológicos (VERGUTZ, 2013). Podemos
compreender a unidade dialética entre trabalho e educação.
Esta escola articula a educação do campo, a agroeco-
logia e a pedagogia da alternância na trama de uma edu-
cação como possibilidade emancipatória, humanizadora e
dialógica, se propondo ao enfrentamento e superação da
produção do conhecimento hegemônico e práticas de agri-
cultura hegemônica. Para tanto, em favor da partilha de
saberes entre pais, mães, estudantes e educadores/as, se
constitui a luta por uma agricultura mais justa e humaniza-
da, bem como por uma educação crítica e transformadora
a partir da do-discência. Além disso, toma como referência
pedagógica a pedagogia própria do camponês e da campo-
nesa que é fruto dos seus saberes populares e de suas expe-
riências. Nesta trama, o campo como campo epistemológico
de produção do conhecimento propicia as relações entre o
conhecimento científico e o saber popular.
Ou seja, na do-discência, os sujeitos aprendem e en-
sinam a partir dos diferentes papéis que assumem no pro-
cesso educativo. A família com o saber da experiência feita;