XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 2 – PAULO FREIRE:
MEMÓRIA,
REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
e os mecanismos de dominação e de poder usados para
manter a opressão em relação aos dominados. Freire provo-
cou hipóteses transformadoras sobre a práxis social crítica
mediada pelo diálogo, articulando as dimensões objetiva,
subjetiva e social da racionalidade educativa, pela capaci-
dade de leitura crítica de mundos e pela abertura realizada
num contexto sociocultural com os outros (marginalizados
e oprimidos).
Na concepção freireana é através da relação de diálo-
go que se inicia o ato de ensinar e de aprender com ativida-
des participativas de pesquisa e de (re)elaboração própria e
coletiva, nas quais podemos ser autônomos e motivados a
(re)conhecer ações, interpretações, como atores do conhe-
cimento social. A autonomia faz parte dos processos educa-
tivos e formativos próprios da interdependência humana, ao
lado da capacidade de (auto)crítica, de ajudar os estudantes
a desenvolverem o gosto de fazer leituras e interpretações
nas relações solidárias com os outros no mundo. Esse diá-
logo não pode reduzir-se a uma postura de impor ideias ou
apenas trocá-las, ou seja, “o diálogo não pode converter-se
num bate-papo desobrigado que marche ao gosto do acaso
entre professor ou professora e educandos. O diálogo pe-
dagógico implica tanto o conteúdo ou objeto cognoscível”
(FREIRE, 2003, p. 118).
Mas em uma sociedade opressora, discriminatória e
subalternizada, na situação de exílio, as possibilidades de
diálogo são atrofiadas ou diminuídas em informações des-
conexas e sem sentido, pois só ocorre “entre iguais e dife-
rentes, nunca entre antagônicos” (FREIRE, 2002, p. 123). A
ideia da educação problematizadora estimula nos estudan-
tes a capacidade de (re)pensar através de problematizações
e contextualizações, de buscas por respostas diferentes à
educação tradicional chamada por Freire de bancária, de sa-
beres prontos, com perguntas e respostas lineares, não pos-
sibilitando novos significados e sentidos. A problematização
pode partir do professor e do estudante, porém, precisa ser
retroalimentada para o aperfeiçoamento das performances