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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

nos grupos, pois em cada âmbito social existem temas gera-

dores para serem discutidos, destacando-se a compreensão

pela leitura crítica dos clássicos, não como simples repetição,

mas como participação no presente, alargando horizontes

de conhecimento do período histórico e do contexto social.

Para que o círculo de cultura vingasse era preciso realizar pes-

quisas através de temas geradores com conversas informais

com os moradores da localidade, em que “dirão o porquê, e

como e o para que da investigação que pretendem realizar

e que não podem fazê-lo se não se estabelece uma relação

de simpatia e confiança mútuas” (FREIRE, 2002, p. 121). Os

pesquisadores em seus diálogos com a população acionam

um olhar crítico, recolhendo subsídios para a compreensão

dos modos de vida, de ser e de pensar dos sujeitos, a fim

de que juntos possam tecer a sua descodificação, através de

uma visão reflexiva, questionadora, relacional e observadora

da própria realidade.

Ao invés de manifestar uma perspectiva fatalista ou de

acomodação intelectual em relação ao exílio, Freire luta e de-

senvolve nesta experiência uma sensibilidade, generosidade

e solidariedade aos diferentes contextos, tornando-se um

educador mundialmente reconhecido por promover uma

cultura do diálogo mediante a conscientização. A partir do

diálogo intercultural, Freire conseguiu (re)aprender, ques-

tionar e dizer a própria palavra, pois “foi por esses pedaços

de mundo, como exilado, que pude compreender melhor o

meu próprio país. Foi vendo-o de longe, foi tomando dis-

tância dele que eu entendi melhor a mim mesmo”. (FREIRE;

FAUNDEZ, 1985, p. 22). Freire (2002, p. 38) afirma que é a

“reflexão e a ação dos homens sobre o mundo que faz a

transformação acontecer, sem esses dois atos a superação

da condição opressor e oprimido é impossível”.

O exílio trouxe sofrimento para Freire, mas também ex-

periências educativas que o enriqueceram como intelectual

da classe trabalhadora nas instituições de diferentes países,

gerado na prática social, que precisava ser problematizado pelos educado-

res e acrescentado a temas de dobradiça, a fim de ampliar o diálogo entre os

sujeitos que também atuam, pensam e falam”. (CONTE, 2012, p. 118).