XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 2 – PAULO FREIRE:
MEMÓRIA,
REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
cultivando assim uma forma de ensinar e de aprender que
humaniza por meio da reflexão e da prática social, denun-
ciando as falsas fronteiras do conhecimento em busca da
libertação de estruturas objetivamente dadas. Freire destaca
que isso seria negar a historicidade que nos é constitutiva
por meio da
práxis
, da linguagem vivida no diálogo vivo, que
dá possibilidades ao sujeito constituir-se na história, pois,
“transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa
dos homens” (FREIRE, 2003, p. 41).
De acordo com Freire (2002, p. 93), “se alguém não é
capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros,
é que lhe falta ainda muito que caminhar para chegar ao
lugar de encontro com eles”. Nos espaços de encontro, nos
círculos de cultura ou através do dialógico, “não há igno-
rantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em
comunhão, buscam saber mais” (FREIRE, 2002, p. 95). O pen-
sador destaca que não existe diálogo sem a amorosidade do
falar e do ouvir o outro, pois é da linguagem que nasce o
saber, que está na capacidade de decodificar e examinar os
fatos do mundo de forma aventureira e investigativa. Assim,
“se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os
homens, não me é possível o diálogo” (FREIRE, 2002, p. 92).
Para o diálogo acontecer é necessário despertar e potencia-
lizar nos sujeitos a capacidade de (re)inventar-se na escuta
sensível como um artifício constituinte antes de qualquer
diálogo, pois o sujeito educa-se com o outro. Sujeitos dia-
lógicos e com a capacidade crítica sabem que podem trans-
formar-se mutuamente. Como apresenta Freire (2002, p. 94),
“ao fundar-se no amor, na humildade, na fé, nos homens, o
diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança
de um polo no outro é consequência óbvia. Seria uma con-
tradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não
provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos”.
O diálogo passa pela condição humana e abre possi-
bilidades para a utopia esperançosa, visto que não há diá-
logo sem a esperança que acompanha a busca de mudan-
ças para a melhoria da vida em sociedade. Nas palavras de