Table of Contents Table of Contents
Previous Page  219 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 219 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

219

EIXO 2 – PAULO FREIRE:

MEMÓRIA,

REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO

cultivando assim uma forma de ensinar e de aprender que

humaniza por meio da reflexão e da prática social, denun-

ciando as falsas fronteiras do conhecimento em busca da

libertação de estruturas objetivamente dadas. Freire destaca

que isso seria negar a historicidade que nos é constitutiva

por meio da

práxis

, da linguagem vivida no diálogo vivo, que

dá possibilidades ao sujeito constituir-se na história, pois,

“transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa

dos homens” (FREIRE, 2003, p. 41).

De acordo com Freire (2002, p. 93), “se alguém não é

capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros,

é que lhe falta ainda muito que caminhar para chegar ao

lugar de encontro com eles”. Nos espaços de encontro, nos

círculos de cultura ou através do dialógico, “não há igno-

rantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em

comunhão, buscam saber mais” (FREIRE, 2002, p. 95). O pen-

sador destaca que não existe diálogo sem a amorosidade do

falar e do ouvir o outro, pois é da linguagem que nasce o

saber, que está na capacidade de decodificar e examinar os

fatos do mundo de forma aventureira e investigativa. Assim,

“se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os

homens, não me é possível o diálogo” (FREIRE, 2002, p. 92).

Para o diálogo acontecer é necessário despertar e potencia-

lizar nos sujeitos a capacidade de (re)inventar-se na escuta

sensível como um artifício constituinte antes de qualquer

diálogo, pois o sujeito educa-se com o outro. Sujeitos dia-

lógicos e com a capacidade crítica sabem que podem trans-

formar-se mutuamente. Como apresenta Freire (2002, p. 94),

“ao fundar-se no amor, na humildade, na fé, nos homens, o

diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança

de um polo no outro é consequência óbvia. Seria uma con-

tradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não

provocasse este clima de confiança entre seus sujeitos”.

O diálogo passa pela condição humana e abre possi-

bilidades para a utopia esperançosa, visto que não há diá-

logo sem a esperança que acompanha a busca de mudan-

ças para a melhoria da vida em sociedade. Nas palavras de