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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

passando por diversos presídios de Recife e Olinda. Quando

solto, Freire viajou ao Rio de Janeiro sendo recomendado

para pedir acolhimento na Embaixada Boliviana, chegando

a La Paz com seus familiares em outubro de 1964. Porém, aí

ficou menos de dois meses, pois um novo golpe de Estado

o atacou, precisando se exilar no Chile. Durante o exílio no

Chile, escreveu o livro

Pedagogia do Oprimido

. No período

de abril de 1969 a fevereiro de 1970, Freire lecionou nos Es-

tados Unidos na Universidade de Harward. Posteriormente,

no período de 1970 a 1980, exilou-se em Genebra, Suíça.

A partir de 1975, quando conheceu Guiné-Bissau (África),

Freire trabalhou mais diretamente na África, em Cabo Verde,

Angola, São Tomé e Príncipe, que estavam em um período

de reconstrução, pela conquista da independência. Freire só

retornou ao Brasil no final de 1980. Por estes caminhos, Frei-

re escreveu sobre a experiência do exílio:

Na verdade, um dos sérios problemas do exilado ou

exilada está em como lidar, de corpo inteiro, com

os sentimentos, desejos, razão, recordação, conhe-

cimento acumulados, visões de mundo, com a ten-

são entre o hoje vivido na realidade de empréstimo

e o ontem, no seu contexto de origem, de que che-

gou carregado de marcas fundamentais. No fundo,

como preservar sua identidade na relação entre a

ocupação indispensável no novo contexto e a pré-

-ocupação em que o de origem deve constituir-se.

Como lidar com a saudade sem permitir que ela vire

nostalgia. (FREIRE, 2003, p. 34).

O exílio marcou profundamente suas reflexões. Pau-

lo Freire, mesmo com tamanha capacidade intelectual, não

teria tal abordagem questionadora da realidade sem a ex-

periência do exílio. Suas críticas e manifestações adquiriram

forma e consistência na medida em que esteve inserido nos

contextos de expatriação. Por isso, publicou diversas obras

que refletiam suas experiências no Brasil e suas vivências

nômades de exilado político. Da vivência comprometida

com os oprimidos, Freire construiu suas reflexões perceben-

do as incoerências e obstáculos do processo emancipador