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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
INTRODUÇÃO
A história nos revela que não é possível fazer juízos de
valor para culturas, porque todas elas são diferentes, assim
como as populações que as compõem. No entanto, quan-
do regimes totalitários e conservadores emergem, grandes
pensadores são exilados por meio desses sistemas autori-
tários, violentos e vazios. Diante disso, o exílio nem sempre
se revela meramente como caminho oposto à morte, já que
esse pode significar também um distanciamento cultural do
seu próprio contexto, para rever e reaprender um discurso
crítico que não encontra forças ante uma realidade dura e
opressiva. Essas vozes abnegam de suas vidas em prol da li-
bertação dos oprimidos (empobrecidos e injustiçados), pois
compreendem que esses sistemas políticos levam a degra-
dação e a regressão humana, produzindo uma anti-civiliza-
ção e sofrimentos às vítimas do seu tempo. Ao tornarem
suas vozes instrumentos de críticas audíveis, fadam-se a
dois caminhos: à morte (por trabalhos forçados, extermínio
ou suicídio) ou ao exílio (trancafiados e proibidos de emitir
qualquer versão crítica).
No contexto brasileiro, o período de Ditadura Mili-
tar (1964-1985) representou um dos maiores períodos de
repressão, perseguição política e censura no Brasil, sendo
qualquer postura socialista ou de esquerda extirpada. Os
interesses dos militares não estavam em consonância com
as necessidades do povo oprimido, mas dos grandes bur-
gueses brasileiros. Aqueles que se mostraram críticos a essa
conjuntura política e com olhos voltados aos mais explora-
dos sofreram pelas suas posturas, sendo torturados, presos,
condenados à morte ou sendo exilados em outros países.
Paulo Freire foi um dos educadores críticos de vertente so-
cialista, que após algumas prisões porque estava preocu-
pado em desenvolver um programa de alfabetização de
adultos para o país não teve outra alternativa a não ser o
exílio (entre outros motivos caluniosos, pela razão de ser um
perigoso subversivo internacional, um inimigo do povo bra-
sileiro e um inimigo de Deus).