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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

em novas perguntas, mas sempre em profícuos diálogos

com as diferenças.

Em verdade, não seria possível à educação proble-

matizadora, que rompe com os esquemas verticais

característicos da educação bancária, realizar-se

como prática da liberdade, sem superar a contradi-

ção entre o educador e os educandos. Como tam-

bém não lhe seria possível fazê-lo fora do diálogo.

(FREIRE, 2002, p. 95).

Para Freire, o diálogo surge do encontro com o outro

e este não evolui cognitivamente e emocionalmente sem

tal prática, já que o diálogo humaniza e o torna crítico no

mundo em que habita, podendo desta forma transformá-lo,

pois não há transformação, nem novos entendimentos sem

a conversação. O diálogo tem algo de libertador e contribui

para a emancipação na interdependência do agir intersub-

jetivo. A educação contribui para a formação de sujeitos crí-

ticos, pensantes, pois instiga os participantes a questionar

o mundo, perceber a condição humana de inacabamento e

de necessidade de buscar a melhoria da vida social. A pes-

soa crítica é a que será geradora de mudanças no mundo,

pois ao aperfeiçoar sua criticidade deixa de ser um indivíduo

semiformado e passa a ser um sujeito questionador das de-

sigualdades na sociedade em que vive, já que percebe sua

condição formativa no movimento de afastar-se de si para

se engajar no sentido do mundo a partir do outro. Freire

(2002) desenvolve uma pedagogia social e crítica, contri-

buindo para os processos de desalienação intersubjetiva.

Deste modo, o educador problematizador refaz,

constantemente, seu ato cognoscente, na cognos-

citividade dos educandos. Estes, em lugar de serem

recipientes dóceis de depósitos, são agora investi-

gadores críticos, em diálogo com o educador, inves-

tigador crítico também. Quanto mais se problema-

tizam os educandos, como seres no mundo e com o

mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais

desafiados, quanto mais obrigados a responder ao

desafio. Desafiados, compreendem o desafio na

própria ação de captá-lo. Mas precisamente porque