216
EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
em novas perguntas, mas sempre em profícuos diálogos
com as diferenças.
Em verdade, não seria possível à educação proble-
matizadora, que rompe com os esquemas verticais
característicos da educação bancária, realizar-se
como prática da liberdade, sem superar a contradi-
ção entre o educador e os educandos. Como tam-
bém não lhe seria possível fazê-lo fora do diálogo.
(FREIRE, 2002, p. 95).
Para Freire, o diálogo surge do encontro com o outro
e este não evolui cognitivamente e emocionalmente sem
tal prática, já que o diálogo humaniza e o torna crítico no
mundo em que habita, podendo desta forma transformá-lo,
pois não há transformação, nem novos entendimentos sem
a conversação. O diálogo tem algo de libertador e contribui
para a emancipação na interdependência do agir intersub-
jetivo. A educação contribui para a formação de sujeitos crí-
ticos, pensantes, pois instiga os participantes a questionar
o mundo, perceber a condição humana de inacabamento e
de necessidade de buscar a melhoria da vida social. A pes-
soa crítica é a que será geradora de mudanças no mundo,
pois ao aperfeiçoar sua criticidade deixa de ser um indivíduo
semiformado e passa a ser um sujeito questionador das de-
sigualdades na sociedade em que vive, já que percebe sua
condição formativa no movimento de afastar-se de si para
se engajar no sentido do mundo a partir do outro. Freire
(2002) desenvolve uma pedagogia social e crítica, contri-
buindo para os processos de desalienação intersubjetiva.
Deste modo, o educador problematizador refaz,
constantemente, seu ato cognoscente, na cognos-
citividade dos educandos. Estes, em lugar de serem
recipientes dóceis de depósitos, são agora investi-
gadores críticos, em diálogo com o educador, inves-
tigador crítico também. Quanto mais se problema-
tizam os educandos, como seres no mundo e com o
mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais
desafiados, quanto mais obrigados a responder ao
desafio. Desafiados, compreendem o desafio na
própria ação de captá-lo. Mas precisamente porque