XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 2 – PAULO FREIRE:
MEMÓRIA,
REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
A tradição dos oprimidos nos ensina que o ‘esta-
do de exceção’ em que vivemos é na verdade regra
geral. Precisamos construir um conceito de história
que corresponda a essa verdade. Nesse momento,
perceberemos que nossa tarefa é criar um verda-
deiro estado de exceção [de emergência]; com isso,
nossa posição ficará mais forte na luta contra o fas-
cismo.
Esse trabalho intelectual em prol dos mais necessita-
dos foi obstruído pelo golpe Militar de 1964, pois imobili-
zava a classe oprimida a lutar por seus direitos e liberdade
de expressão. Tal ato, frente a uma época de enfrentamen-
tos para a história do Brasil, culminou no exílio de muitos
intelectuais, bem como de Paulo Freire. Neste contexto, a
sociedade capitalista brasileira apresentava-se como uma
sociedade,
[...] fechada a que já nos referimos. Sociedade, acres-
cente-se, com o centro de decisão de sua economia
fora dela. Economia, por isso mesmo, comandada
por um mercado externo. Exportadora de matérias
primas. Crescendo para fora. Predatória. Sociedade
reflexa na sua economia. Por isso alienada. Objeto
e não sujeito de si mesma. Sem povo. Antidialogal,
dificultando a mobilidade social vertical ascenden-
te. Sem vida urbana ou com precária vida urbana.
Com alarmantes índices de analfabetismo, ainda
hoje persistentes. Atrasada. Comandada por uma
elite superposta a seu mundo, ao invés de com ele
integrada. (FREIRE, 2009, p. 57).
Visando não findar suas críticas que emergiam de
uma realidade degradante, em prol de um povo oprimido
pelo sistema totalitário de governo, em junho de 1964, an-
tes de ser preso pela primeira vez, Freire solicitou permissão
do passaporte para viajar ao México. Porém, a solicitação
foi recusada pelos políticos que invalidaram seus direitos,
alegando que seus estudos são extremamente esquerdis-
tas ao privilegiar os mais necessitados. Na primeira prisão,
Freire permaneceu por vinte dias, sendo solto no dia 3 de
julho. Na segunda prisão, ficou preso por cinquenta dias,