XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1947
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
Ao tratar da educação, Freire se preocupa com a ética.
Em
Pedagogia da Autonomia
([1996], 2016), fala que a práti-
ca educativa deve considerar a ética necessária ao educador
e ao educando, em favor da autonomia. Trata de uma ética
verdadeira, em que ações e julgamentos possam ser aplica-
dos a todos.
Destacando que as relações de opressão são permea-
das pela violência e conduzem a uma posição passiva e si-
lenciada, Freire se coloca a favor das relações dialógicas, em
que predomina a reciprocidade e um posicionamento mais
crítico. A autonomia almejada por Freire é também moral. A
educação é considerada uma possibilidade para o seu de-
senvolvimento.
A condição própria do ser humano é a do “Ser mais”,
não um ser mais que hierarquiza, mas em que todos podem
ser humanos, sem ferir a integridade do outro. As relações
de opressão podam essa condição humana, elas diminuem,
coisificam e violentam. Para Freire, “[...] a desumanização,
mesmo que um fato concreto na história, não é, porém,
destino dado, mas resultado de uma ‘ordem’ injusta que
gera a violência dos opressores e esta,
o ser menos
.” (FREIRE,
[1970], 2011, p. 41).
Em Freire, as relações sociais não são únicas e podem
levar a formas diferentes de respeito e de relação com as re-
gras. As opressoras levam a um respeito que é marcado pela
desigualdade de forças, uma forma de submissão. As dialó-
gicas proporcionam um respeito de sujeitos que se conside-
ram como iguais e se valorizam. Estas últimas que levam à
autonomia, verdadeira vocação do “Ser Mais”.
Freire discute a problemática da autoridade e da li-
berdade, com singular olhar moral. Ressalta a importân-
cia da autoridade, entendida não como autoritarismo, mas
uma postura necessária à autonomia. Também trata do
como a regra chega a constituir-se uma necessidade. Sua
posição é de que as vivências de relações dialógicas per-
mitem que homens e mulheres sintam a necessidade de
regras legítimas.