1950
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
A razão elabora as regras morais, chegando a uma
compreensão formal delas. Há, durante a vida, uma diver-
sidade de pessoas respeitadas que colocam regras, muitas
vezes incoerentes, e que a razão terá que organizar. Inicial-
mente, o dever será devido ao respeito unilateral, fruto da
relação desigual. Mas, a consciência deverá caminhar para
uma moral que vai além do dever, para a moral altruísta.
Piaget prolonga a tese de Bovet reconhecendo o res-
peito mútuo, fruto das relações de igualdade, como o tipo
de respeito que conduzirá à autonomia. O respeito mútuo
é uma forma de equilíbrio para a qual tende o respeito uni-
lateral.
Para Freire e Piaget, as relações firmadas entre os
homens e as mulheres podem ser relações desiguais, de
coação, como podem ser relações de igualdade, de trocas
amorosas e respeitosas, em que todos se consideram e va-
lorizam. Elas conduzem a relações distintas com o mundo e
com as regras.
Segundo Piaget, o respeito unilateral, resultado das
relações em que predomina a coação, é importante no
desenvolvimento moral, pois leva a criança inicialmente a
aceitar as instruções impostas. Para Freire, a autoridade será
importante dentro do desenvolvimento moral, pois não nas-
cemos autônomos, precisamos de orientação inicial sobre
as regras. Progressivamente, pelas vivências de cooperação,
em que prevalece o respeito mútuo, vão se tornando possí-
veis as normas racionais, em especial a reciprocidade.
O respeito mútuo aparece, portanto, como a con-
dição necessária para a autonomia, sob seu duplo
aspecto intelectual e moral. Do ponto de vista in-
telectual, liberta as crianças das opiniões impostas,
em proveito da coerência interna e do controle re-
cíproco. Do ponto de vista moral, substitui as nor-
mas da autoridade pela norma imanente à própria
ação e à própria consciência, que é a reciprocidade
na simpatia. (PIAGET, [1932], 1994, p. 91).
Na relação entre opressor e oprimido notam-se carac-
terísticas que muito se assemelham a primeira forma de res-