XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1951
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
peito que Piaget descreveu nas crianças pequenas. Reconhe-
cendo o opressor como alguém superior, o oprimido acata as
regras que dele emanam e cede às suas imposições. Há uma
dificuldade de reconhecer a si e ao outro na relação. A crença
é de que as coisas devem ser assim, sem questionamento.
A relação de opressão é uma relação de violência, em
que se nega a humanidade do outro; tem-se o outro como
objeto. Quem assim procede só consegue amar a si próprio.
“Quem inaugura a negação dos homens não são os que ti-
veram sua humanidade negada, mas os que a negaram, ne-
gando também a sua.” (FREIRE, [1970], 2011, p. 59).
Para Piaget, o respeito unilateral é mais comum en-
tre crianças pequenas, presas ao egocentrismo e à coação
adulta, que vivenciam o realismo moral. Por sua vez, Freire,
ao descrever os oprimidos, trata de adultos, que vivenciam
uma espécie de realismo moral; sem condições de posicio-
nar-se criticamente frente às relações sociais e à realidade,
acreditam que as regras são inquestionáveis, as seguem ao
pé da letra, creem em seu caráter divino.
Pensando as relações dialógicas e democráticas, Freire
expressa a possibilidade de relações cooperativas, marcadas
pelo respeito mútuo. Fala das relações em que os sujeitos
se reconhecem como iguais, em sua condição de “Ser mais”,
respeitando os saberes e os pontos de vista do outro.
O diálogo, amplamente defendido por Freire como
essencial às relações, sobretudo às educativas, exige respei-
to mútuo. “O diálogo é o encontro amoroso dos homens/
mulheres, que mediatizados pelo mundo, o ‘pronunciam’,
isto é, o transformam, e, transformando-o, o humanizam
para a humanização de todos.” (FREIRE, [1969], 1977, p. 43).
No diálogo não cabe conquista ou manipulação, domínio de
um sobre o outro, mas sim reconhecimento do outro como
sujeito.
As relações descritas por Freire, as opressoras que ele
critica ou as dialógicas que ele propõe, são marcadas pelos
princípios do respeito unilateral e mútuo. Mesmo não usan-
do a mesma nomenclatura, elas têm muito em comum com