1946
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
[...] primeiro a criança pratica a construção das re-
gras, aplica-as, muda-as no grupo, cria novas... de-
pois é que descobre que as regras não são sagra-
das, imutáveis, eternas... E quando a criança acha
imutáveis e sagradas as regras que vêm dos mais
velhos – consciência –, sua prática é ainda imitativa
e egocêntrica!
Existem duas tendências morais de natureza total-
mente diferentes: a heteronomia, que não se trata de um
equilíbrio estável e a autonomia, o equilíbrio ideal para onde
deve caminhar o desenvolvimento moral.
A MORAL EM FREIRE
Freire não sistematizou uma teoria sobre o desenvolvi-
mento moral, mas inseriu em sua obra aspectos morais que
evidenciam uma forma de compreender tal desenvolvimen-
to. Sua teoria é marcada pelo olhar para as especificidades
humanas e pela luta pela superação da opressão. Ele se co-
locou a favor da transformação da situação desumanizadora
e para isso destacou, além das questões de conhecimento,
aquelas relacionadas à moral.
O homem e a mulher vivenciam relações com o mun-
do e com as pessoas. Freire evidenciou que as relações so-
ciais podem ser tanto de opressão, em que prevalece a coa-
ção e as verdades são impostas para serem seguidas sem
questionamentos, como relações dialógicas, permeadas por
sentimentos e valores altruístas, prevalecendo a cooperação.
O ser humano, capaz de fazer escolhas e assumir res-
ponsabilidades, é ético.
Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tor-
namos capazes de comparar, de valorar, de intervir,
de escolher, de decidir, de romper, por tudo isso,
nos fizemos seres éticos. Só somos porque esta-
mos sendo. Estar sendo é a condição entre nós para
ser. Não é possível pensar os seres humanos lon-
ge, sequer, da ética, quanto mais fora dela. (FREIRE,
[1996], 2016, p. 34).