1948
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Em Freire o desenvolvimento moral também caminha
da heteronomia à autonomia, passando por transições. A
autonomia, para ele, é a liberdade para fazer escolhas e as-
sumir responsabilidades, permeada pelo respeito mútuo e
reciprocidade, crítica o suficiente para levar ao engajamento
pela transformação das realidades injustas e opressoras.
Freire realizou uma pesquisa específica sobre moral,
preocupado com questões como as relações entre pais e
filhos, ou professor e alunos, que implicam no modo de se
posicionar na sociedade. Ele faz referência positiva à obra
O Juízo Moral na Criança
. Conclui que a relação dialógica
e amorosa entre o adulto e a criança é capaz de superar a
coação.
Baseando-me num excelente estudo de Piaget so-
bre o código moral da criança, sua representação
mental do castigo, a proporção entre a provável
causa do castigo e este, falei longamente citando
o próprio Piaget, sobre o assunto, defendendo uma
relação dialógica, amorosa, entre pais, mães, filhas,
filhos, que fosse substituindo o uso dos castigos
violentos. (FREIRE, [1992], 2008, p. 25).
Para Freire, a liberdade é contrária à opressão; na li-
berdade se vive o respeito mútuo, necessário à autonomia
e à democracia.
A moral em Freire é ainda encontrada em sua concep-
ção de que a opressão coisifica a pessoa, impedindo-a de
viver livremente suas escolhas e o respeito. Essa negação do
ser humano é uma violência, permeada por questões mo-
rais, sobre as quais Freire não é neutro. Salienta Andreola
(1999, p.76):
Na denúncia dessa perversão ontológica, que passa
a ser uma perversão ética das mais nefastas para a
convivência humana hoje, Freire argumenta basea-
do na relação dialética entre o ser e o ter, sendo o
ter absolutizado por parte da classe dominante.
A opressão não é uma incapacidade intelectual, tanto
do opressor como do oprimido, de se colocar no lugar do