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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1949

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

outro, ela tem caráter especificamente moral, afetivo e so-

cial. Trata-se de uma falta de valores e sentimentos morais.

Freire tratou da tomada de consciência como essencial

no processo de desenvolvimento e aprendizagem humana.

A consciência parte da ação e evolui de um nível ingênuo e

acrítico, passando por transições, e chegando a uma análi-

se efetiva e crítica da realidade, a ponto de se tornar com-

promisso e ação (FREIRE, [1980], 2001). A conscientização,

a consciência crítica e engajada na luta por uma realidade

mais humana, é permeada por questões morais, pois não é

possível se engajar na luta se não há respeito por si e pelos

outros, ela engloba sentimentos altruístas que impulsionam

a busca pela justiça e pelo bem comum.

Freire, como educador, insistiu na transformação das

relações educativas, negando a educação reprodutora e de-

fendendo uma educação pautada no diálogo, no respeito

mútuo, que aprofunde a capacidade humana de conviver,

de escolher e de ser livre.

ANÁLISE SOBRE O RESPEITO

Freire e Piaget concordam que o ser humano é social,

e nas relações sociais somos desafiados a equilibrar o que

é bom para o eu e o outro. A regra moral deve, gradati-

vamente, ser valorizada pela consciência, independente de

controles externos.

Piaget baseia sua teoria sobre o respeito nas ideias de

Bovet, para quem a moral só pode se desenvolver nas rela-

ções sociais, visto que delas vem o respeito pelas pessoas,

uma disposição afetiva imposta pela presença de alguém

que amamos ou tememos. Piaget concorda com Bovet que

as regras por si só não geram obrigação de respeitá-las,

para que o sujeito sinta tal obrigação é preciso que a regra

esteja ligada a pessoas que ele respeite. “É, afirma Bovet,

que a ordem não obriga por si mesma: para que acarrete

na consciência o aparecimento do sentimento de dever, é

preciso que o conselho emane de um indivíduo respeitado

pelo sujeito” (PIAGET, [1932], 1994, p. 279).