Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1919 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1919 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1919

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

mático-tecnicista, segundo a qual o que vale é a transferên-

cia de saberes técnicos e instrumentais. Pensar certo é pri-

mordial para aprofundar o entendimento do mundo e nele

se situar como alguém capaz de atuar, falar, criar e compro-

meter-se com seu permanente aprimoramento.

Também é digno de nota o caráter autodestrutivo do

pensamento, similar nos escritos dos autores. Arendt (1991a)

argumenta que, diferentemente do conhecimento que bus-

ca a verdade e com ela se satisfaz, o pensar busca sentidos e

não se satisfaz, senão com a possibilidade de pensar sempre

novamente. Por sua vez, Freire (1996) enfatiza a resistência

crítica como abertura ao diálogo e à reflexão, evitando as

armadilhas das certezas e convicções absolutas e recusando

as posições dogmáticas, a partir das quais os indivíduos se

posicionam como supostos proprietários da verdade.

Com ambos os autores, aprendemos que o exercício

de pensamento é válido em si, não pelos produtos que gera.

Mais relevante do que certezas, o pensar possibilita ao ho-

mem problematizar sua passagem pelo mundo, que não é

predeterminada, preestabelecida, mas um tempo de possi-

bilidades, tal como Freire a entende. “Daí que insista tanto

na

problematização

do futuro e recuse sua inexorabilidade”

(FREIRE, 1996, p. 52-53). Eis a relevância do pensamento

para a busca de sentido e a compreensão do mundo.

AS DISTINÇÕES ENTRE PENSAR E CONHECER E SUA

RELAÇÃO COM A TAREFA EDUCATIVA

Hannah Arendt e Paulo Freire, em seus escritos, indi-

cam o conhecimento de mundo, a reflexão sobre seu signi-

ficado e o estabelecimento de relação com ele como tarefas

fundamentais da educação. Certamente numa sociedade,

como a atual, regida pela lógica da competitividade e des-

lumbrada com os avanços científicos e tecnológicos, a ênfa-

se recai sobre o conhecer.

Em

A Vida do Espírito

, Arendt (1991, p. 65-67) argu-

menta que a ideia moderna de progresso, a partir do con-

ceito de progresso ilimitado, nega as limitações da ciência