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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1917

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

o indivíduo que pensa é integrante deste mundo que par-

tilha com os demais e com o qual não pode romper. Para a

autora, a pluralidade humana não é “uma extensão do dual

eu-e-eu-mesmo a um Nós plural”. Quando “um Nós está

engajado em mudar nosso mundo comum”, contrasta com

a atividade solitária do pensamento, que “opera em um diá-

logo entre eu e mim mesmo” (ARENDT, 1991a, p. 200).

Talvez não haja nada que indique mais fortemente

que o homem existe essencialmente no plural do

que o fato que a sua solidão atualiza o seu estar

meramente consciente de si mesmo, coisa que

provavelmente compartilhamos com os animais

superiores, em direção a uma dualidade durante a

atividade do pensar. Esta dualidade de mim comigo

mesmo converte o pensar numa verdadeira ativida-

de, na qual sou tanto o que pergunta como o que

responde (ARENDT, 1991a, p. 203-204).

A autora considera a retirada do mundo das aparên-

cias como condição para o pensamento, contudo, esta não

significa uma ruptura com o mundo comum, uma vez que

este afastamento provisório constitui-se como um dos tra-

ços característicos da pluralidade humana. Theresa Calvet

Magalhães (2011, p. 29) explica que, para Arendt, o

pensar

sempre aguarda uma reconciliação com o sentido, poden-

do-se, então, concluir que o efeito catártico que ele provoca

aguarda um retorno ao mundo comum, e que

pensar

não

dispensa

julgar

os assuntos humanos.

Paulo Freire (1996, p. 85) articula o pensar certo com

o exercício da curiosidade, sua capacidade crítica de “tomar

distância” do objeto, de observá-lo, de delimitá-lo, de cin-

di-lo, de “cercar” o objeto ou fazer sua

aproximação

metó-

dica, sua capacidade de comparar, de perguntar. O tomar

distância implica o afastar-se para pensar e repensar, para

questionar e entender. Não obstante, este distanciamento

não significa romper com o mundo, porque o autor assina-

la a relação do pensamento com o mundo, afirmando esta

atividade como resultante da interação e da comunicação

estabelecida entre as pessoas que partilham este mundo.