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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1913

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

mida “diante dos outros e com os outros, em face do mundo

e dos fatos”, ante a si próprio (

Ibidem

, 1996, p. 49). Tal pos-

tura evita a aceitação dos fatos como verdades inexoráveis

ou a assunção de convicções irrefletidas, que podem trazer

preconceitos subjacentes. O autor sugere:

A necessidade desta resistência crítica, por exem-

plo, me predispõe, de um lado, a uma atitude sem-

pre aberta aos demais, aos dados da realidade; de

outro, a uma desconfiança metódica que me defen-

de de tornar-me absolutamente certo das certezas.

[...] O melhor caminho para guardar viva e desperta

a minha capacidade de pensar certo, de ver com

acuidade, de ouvir com respeito, por isso, de forma

exigente, é me deixar exposto às diferenças, é recu-

sar posições dogmáticas, em que me admita como

proprietário da verdade (

Ibidem

, 1996, p. 134)

Freire ratifica sua convicção quanto à relevância do

pensar, enquanto experiência de lidar sem medo, sem pre-

conceito, com as diferenças, de conhecimento do mundo

e de construção do próprio perfil e espaço de pertenci-

mento, assinalando na

Pedagogia da Esperança

(2011, p.

231), que o pensar certo é antidogmático, antissuperficial

e crítico.

Contrariando a lógica preponderante de desuma-

nização do mundo, o pensar certo significa acreditar nas

pessoas, na humanidade e educar para a esperança e o

compromisso com um outro mundo possível. Por essa ra-

zão, pensar certo é conceber a história como possibilidade

e não determinismo, apostando no sonho como processo,

como devir e como exigência de uma história feita pelos

homens, os quais, por sua vez, se fazem e refazem no per-

curso histórico.

Para Freire (2000, p. 102), é justamente contra essa

tendência de desumanização, em tempos marcados pela

competitividade, pela supervalorização da técnica e das

tecnologias, por “uma ética estreita e malvada, como a

do lucro, a do mercado”, que o pensar certo se insurge,

exigindo: