1908
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
As características mais salientes da atividade de
pensar são seu alheamento do mundo das aparên-
cias do senso comum, a sua tendência autodestru-
tiva em relação aos seus próprios resultados, a sua
reflexidade, e a consciência da pura atividade que
a acompanha, mais o estranho fato que tenho co-
nhecimento das faculdades do meu espírito apenas
enquanto a atividade dura, o que significa que o
próprio pensar nunca pode ser estabelecido como
a única ou mesmo a mais alta propriedade da espé-
cie humana (ARENDT, 1991a, p. 101).
Por não produzir resultados úteis, a filósofa considera
que o pensamento beneficia pouco a sociedade. Nesse sen-
tido, o conhecimento traz mais benefícios, posto que pode
ser utilizado como instrumento para propósitos. “Não cria
valores; não descobrirá, de uma vez para sempre, o que é “o
bem”; não confirma, mas antes dissolve as regras de condu-
ta aceites (
Ibidem
, 1991a, p. 210). Então, poder-se-ia ques-
tionar: Qual é então sua finalidade?
A resposta arendtiana aponta a própria atividade do
pensar como primordial, uma vez que a necessidade de
pensar jamais pode ser satisfeita por
insights
supostamente
preciosos de “homens sábios” (
Ibidem
, 1991a, p. 100). Ou
seja, o pensar não se aquieta com clarividências ou com su-
postas certezas, repensando sempre as experiências e acon-
tecimentos mundanos.
Almeida (2011, p. 159) explica que, se o pensar como
diálogo parece ser uma ideia atraente para Arendt, ela tam-
bém afirma que só se pensa ao se estar só (
solitude
), exigin-
do que, por um momento, as atividades em andamento se-
jam suspensas e o indivíduo retire-se para um lugar no qual
tenha a calma e a distância suficientes para procurar com-
preender aquilo que não está mais diante dos seus olhos,
mas que pode trazer para o espírito. Segundo a autora, “esse
afastamento provisório do mundo possibilita que entremos
numa relação conosco mesmos e procuremos responder às
nossas indagações” (ALMEIDA, 2010, p. 857).
A experiência pensante de Hannah Arendt é destaca-
da por Almeida (2011, p. 164), como um exemplo para sua