XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1911
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
Na
Pedagogia da Autonomia
, Freire (1996, p. 27-28)
afirma que uma das condições necessárias ao pensar certo é
não estarmos demasiado certos de nossas certezas. Manter
a criticidade, a dúvida e a curiosidade possibilitam a busca
permanente de compreensão, não de verdades definitivas e
inquestionáveis. Esta postura ética e geradora de boniteza
é inconciliável com a arrogância impeditiva da abertura ao
diálogo.
Para o autor, o pensar certo promove a percepção de
que uma das bonitezas de estar no e com o mundo, na con-
dição de seres históricos, é a capacidade de, intervindo no
mundo, conhecer o mundo (
Ibidem
, 1996, p. 28). Por essa
razão, o pensamento volta-se ao mundo, ao entendimento
das responsabilidades de cada um e do coletivo na consti-
tuição de um mundo que permita a vivência do
ser mais
.
Compreende-se por que Freire conceitua o pensar
como pensar certo, porque não se trata de uma análise su-
perficial dos fatos. Ao contrário, como o autor destaca em
A
Importância do Ato de Ler
(1989, p. 77), pensar certo significa
procurar descobrir e entender o que se acha escondido nas
coisas e nos fatos observados e analisados. Ele exemplifi-
ca: uma forma de pensar certo é descobrir que não é “mau
olhado” que está fazendo Pedrinho triste, mas a verminose,
então, não é somente com benzeduras que a alegria será
devolvida ao Pedrinho, mas com orientação médica. O pen-
sar certo requer a superação da ingenuidade e da super-
ficialidade, em busca de um saber progressivamente mais
profundo, mas claro e mais amplo.
Enquanto estudo sério e revolucionário, de desenvol-
ver a curiosidade diante do cotidiano, criar e recriar, criti-
car com justeza e aceitar as críticas construtivas, o pensar
certo relaciona-se à rigorosidade metódica, uma vez que
ao aprender o indivíduo vai progressivamente superando a
curiosidade ingênua, transitando para o que o autor deno-
mina de “curiosidade epistemológica”, entendida como ra-
dical, rigorosa e exigente. Em
Educação e Política
, Paulo Frei-
re (2001, p. 116) escreve que a curiosidade epistemológica