XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1915
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
turno, discute o pensar como superação das concepções in-
gênuas ou superficiais, a partir do acesso ao conhecimento,
numa perspectiva crítico-democrática, para desenvolver a
capacidade de pensar certo, especialmente em se tratando
as camadas populares (o povão
3
), a fim de que ultrapassem
a condição de subalternidade a que são submetidas por dis-
cursos elitistas.
O alerta pronunciado por Arendt sobre os riscos da
irreflexão assemelha-se à defesa freiriana de que faz parte
do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer forma
de discriminação. “[...] Pensar e fazer errado, pelo visto, não
têm mesmo nada a ver com a humildade que o pensar cer-
to exige. Não têm nada a ver com o bom senso que regula
nossos exageros e evita as nossas caminhadas até o ridículo
e a insensatez” (FREIRE, 1996, p. 36).
Assim como Freire (1989) compreende que o pensar
pode promover a passagem da ingenuidade para a curio-
sidade epistemológica, e, assim, avançando da condição
“de menor” para a assunção do pensamento crítico, Arendt
(1991a) destaca que o pensar não é atributo exclusivo de
“homens sábios” e de seus
insights
.
Sobre o que os indivíduos pensam? A resposta de
Arendt aponta para as experiências humanas. Como esclare-
ce Almeida (2011, p. 164), a busca de sentido é o que move
essa atividade do espírito, que encontra “respostas sempre
novas à pergunta sobre o que está realmente em questão”.
Freire também caracteriza o pensar como olhar curioso e
indagador sobre o mundo, problematizando sua presença
neste espaço, na busca permanente que fazem os homens,
uns com os outros, no mundo em que e com que estão, de
seu
ser mais
(1977, p. 23).
A atribuição de sentido aos acontecimentos munda-
nos, na concepção arendtiana, ocorre por meio da produção
de histórias, as quais tornam os fatos compreensíveis. De
3
Expressão utilizada por Freire (1989, p. 49) em
A Importância do Ato de Ler
,
considerando que é necessário combater o ponto de vista autoritariamen-
te elitista e reacionário, que concebe os indivíduos das classes populares
como incapaz de aprender, permanecendo “eternamente menor”.