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1912

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

é aquela em que, tomando distância do seu objeto, dele se

aproxima para conhecê-lo e dele fala prudentemente.

Ana Lúcia Souza de Freitas (apud REDIN, STRECK e ZIT-

KOSKI, 2010, p. 107) ressalta que a curiosidade é tema recor-

rente nos escritos freirianos, indicando as diversas obras em

que o termo é mencionado por Freire, que a concebe como

necessidade ontológica que caracteriza o processo de criação

e recriação da existência humana. O olhar curioso e indagador

sobre o mundo, segundo ele, torna os homens e mulheres ca-

pazes de agir sobre a realidade para transformá-la, transfor-

mando igualmente a qualidade da própria curiosidade.

Ao promover a qualificação da curiosidade, da ingênua

à epistemológica, o pensar certo demanda profundidade e

não superficialidade na compreensão e na interpretação dos

fatos. Supõe a disponibilidade à revisão dos achados, reco-

nhece não apenas a possibilidade de mudar de opção, de

apreciação, mas o direito de fazê-lo. [...] Pensar certo é radi-

calmente coerente (FREIRE, 1996, p. 33-34).

Ao conceber que é próprio do pensar certo “a dispo-

nibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser

negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério

de recusa do velho não é apenas cronológico”, mas a aten-

ção ao que o velho que preserva como válido ao encarnar

uma tradição, Freire (1996, p. 35) demonstra que o pensar

volta-se ao entendimento do passado e ao repensar das no-

vas experiências a partir do novo.

Repensar as experiências e os fatos constitui-se como

tarefa fundamental, impedindo a incoerência entre pensa-

mento e ação. Assim, o exercício do pensar certo propicia a

constante reflexão sobre as próprias práticas, podendo im-

pedir que o indivíduo experimente os perigos da arrogância,

dos exageros, do ridículo e da insensatez (

Ibidem

, 1996, p.

36). Nesse sentido, o autor considera que o pensar certo é

algo que se faz e que se vive enquanto dele se fala com a

força do testemunho.

A rigorosidade implícita no exercício do pensar requer

“uma postura exigente, difícil, às vezes penosa”, a ser assu-