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1910

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

zados pela realidade, na intercomunicação. Para o autor, é

impossível um pensar certo como imposição. Compreender

o movimento do pensamento dos indivíduos implica, por-

tanto, entender o contexto real em que este pensamento é

produzido, ou seja, o espaço-tempo em que os indivíduos

agem, interagem e se comunicam.

O diálogo indispensável ao pensar certo é aquele em

que se privilegia a segurança na argumentação, em que o

indivíduo, discordando do seu oponente não tem por que

contra ele ou contra ela nutrir uma raiva desmedida, bem

maior, às vezes, do que a mesma razão da discordância

(FREIRE, 1996, p. 35). Ou seja, dialogar requer a abertura

aos múltiplos pontos de vista, o respeito aos pensamentos

divergentes e à disposição de aprender com os outros a

complexidade da realidade e do mundo, construindo visões

aprofundadas e amplas.

Redin et al. (2010, p. 312) lembram que, para Freire,

o pensar certo demanda uma cultura dialógico-libertado-

ra, em que a intercomunicação ocorre como diálogo críti-

co-libertador:

O pensar certo, então, é radical e não sectário.

Por isso mesmo caracteriza-se por uma visão de

mundo revolucionária, que não se contenta apenas

com reformas, mas exige transformações das es-

truturas opressoras da humanidade. É uma forma

de pensar comprometida com a

Revolução cultural

,

que exige testemunho, coerência, amor, humilda-

de e verdadeira solidariedade (REDIN, STRECK e

ZITKOSKI, 2010, p. 312).

Por exigir a ruptura e a superação das práticas auto-

ritárias e antidialógicas, o pensar certo, na concepção frei-

riana, supõe a problematização do mundo, o diálogo sobre

a realidade e as perspectivas de transformação possíveis e

viáveis, visando o ser mais de todos os envolvidos. Teste-

munho, coerência, amor, humildade e solidariedade tor-

nam-se imprescindíveis, uma vez que, na ausência desses

elementos não há possibilidade de diálogo, e, sem este não

é possível um pensar crítico.