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1906

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

Ou seja, implica em retirar-se do espaço-tempo partilhado

com os outros, distanciando-se para poder refletir sobre os

acontecimentos e experiências nele vivenciados. “A retirada

do mundo das aparências é [...] a única condição anterior

essencial para o pensamento [...]” (ARENDT, 1991a, p. 61).

Almeida (2011, p. 147-148) considera o pensamento

como caminho para a atribuição de sentido àquilo que se

passa no mundo, sendo nisso que consiste sua relevância,

posto que ocorrências e acontecimentos não possuem um

significado por si, mas

se tornam significativos

no momento

em que, pensando-os, nos relacionamos com eles. Assim,

os fatos são transformados em uma história (estória,

story

)

humanamente compreensível, não apresentando um senti-

do

definitivo

, pois a cada acontecimento é preciso começar

a reflexão de novo. O pensar, portanto, não produz sabe-

dorias perenes, nem conhecimentos, nem teorias acabadas,

configurando-se como busca de sentido.

Para Arendt (1991a, p. 81-82), pensar, querer e julgar

são as três atividades mentais basilares; não podem derivar

umas das outras e, embora tenham certas características co-

muns, não podem ser reduzidas a um denominador comum.

Segundo ela, cada uma dessas atividades obedece às leis

inerentes à própria atividade.

Almeida (2011, p. 152) lembra que o

pensar

retoma coi-

sas ausentes no tempo e no espaço para que reflitamos sobre

elas. Distanciamo-nos do mundo para buscar compreender

nossa experiência nele. Lembramos o acontecido e nos per-

guntamos qual o sentido de tudo isso, voltando-nos ao pas-

sado. Por seu turno, o

querer

olha, sobretudo, para o futuro e

liga-se à capacidade humana de iniciar algo novo e, portanto,

busca a realização de seus projetos no mundo mesmo que,

enquanto atividade do espírito, não ocorra

neste

.

Quanto ao juízo, Arendt (1991a, p. 81-82) o define

como uma faculdade peculiar e não inerente ao intelecto,

cujo princípio orientador – o julgar – só pode dá-lo como

uma lei para si próprio. É pelo juízo que os indivíduos são

capazes de diferenciar o certo do errado, o belo do feio.