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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1923

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

tido e não podem ser respondidas pelo senso comum e pelo

refinamento da ciência. Para o senso comum, a busca de

sentido não faz sentido.

Ao distinguir verdade e significado, conhecimento e

pensamento, bem como ao insistir na importância de tal

distinção, Arendt (1991a, p. 72-73) não pretende negar a

conexão entre a busca de significado do pensamento e a

busca de verdade do conhecimento. O apetite pelo pensar

é indispensável, na opinião da autora, para que os homens

continuem a formular questões irrespondíveis questões de

significado, afirmando-se como seres que interrogam. Per-

der esse apetite comprometeria, inclusive, a capacidade de

formular as questões respondíveis. Nesse sentido, a razão é

a condição a priori do intelecto e da cognição.

Como explicita Arendt (1991a, p. 69-70), a ciência e

a demanda do conhecimento visam à verdade irrefutável,

de caráter compulsivo. A atividade cognitiva justifica-se pelo

resultado produzido. Almeida (2011, p. 173) lembra que o

conhecimento torna-se meio para a obtenção de novos sa-

beres (ou, às vezes, substituir os antigos). Conhecer, portan-

to, ocorre sempre “a fim de, e seus resultados, embora mais

estáveis do que os produtos do pensar, servirão de base e/

ou ferramenta para obter sucessivos conhecimentos”.

A autora denuncia a influência da mentalidade do

homo faber

e da ciência na configuração das pedagogias

de orientação pragmática, representada pela incapacidade

de diferenciar entre utilidade e significado, o que resulta na

confusão entre aprendizagem significativa para a criança e

aprendizado

útil

(

Ibidem

, 2011, p. 174).

Concepções utilitaristas resultam muitas vezes no

desprezo do

homo faber

pelas ‘artes sem pão’ (

die

brotlosenKünste

), como a música, a literatura e a fi-

losofia, ou então, acabam por descaracterizar aqui-

lo que justamente não pretende ser útil, mas está

carregado de significado (

Ibidem

, 2011, p. 175).

A organização da educação evidencia a predominância

da mentalidade utilitarista, sendo que muitas vezes o plane-