Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1927 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1927 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1927

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

O que importa é compreender as atividades men-

tais do conhecer e do pensar cada uma em sua es-

pecificidade e – para nossos propósitos – em sua

relevância para a educação. A cognição produz re-

sultados que integram um mundo humano relativa-

mente estável, no qual podemos acolher as crianças

que a ele chegam. Esse lugar, porém, depende de

nossa ação, que o renova, e também de nossa ca-

pacidade de pensamento que busca um sentido.

Esse sentido, todavia, não existe de modo isolado,

mas pode se formar com nossa reflexão sobre um

mundo que abarca acontecimentos e fatos, saberes

e conhecimentos (ALMEIDA, 2011, p. 187).

Não se trata, portanto, de negligenciar a relevância do

conhecimento. É preciso reconhecer a importância do aces-

so, partilha e (re)construção do conhecimento nas distintas

áreas. Contudo, é imperativo assegurar igual espaço e re-

conhecimento ao pensar e ao julgar. Para tanto, as distintas

dimensões da educação precisam estar contempladas (téc-

nico-científica, ético-política, estética), promovendo o indis-

pensável encantamento pela aprendizagem. Rubem Alves

(2006, p. 26) reforça esse posicionamento, utilizando a me-

táfora do jardim para explicar que a ciência é fundamental

para que os indivíduos aprendam a plantar e cuidar de um

jardim, porém a ciência, segundo o autor, é incapaz de fazer

os homens desejarem plantar jardins.

[as] escolas têm se dedicado a ensinar o conheci-

mento científico, e todos os esforços têm sido feitos

para que isso aconteça de forma competente. Isso é

muito bom. A ciência é um meio indispensável para

que os sonhos sejam realizados. Mas há algo que a

ciência não pode fazer. Ela não tem o poder de fa-

zer sonhar. [...] Porque o desejo não é engravidado

pela verdade. A verdade não tem o poder de gerar

sonhos. É a beleza que engravida o desejo. São os

sonhos de beleza que têm o poder de transformar

indivíduos isolados num povo. As escolas se dedi-

cam a ensinar os saberes científicos, visto que sua

ideologia científica lhes proíbe lidar com os sonhos,

coisa romântica! Assombra-me a incapacidade das

escolas de criar sonhos! (

Ibidem

, 2006, p. 26).