XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1929
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
o legado que recebem das gerações anteriores, repensan-
do-o e ressignificando-o.
Com efeito, para Freire pode-se ensinar a pensar, en-
quanto para Arendt isso é impossível. A seguir, são descritas
as concepções freirianas e arendtianas sobre a relação entre
educação e pensamento, sendo que, ambos reconhecem a
importância do exercício do pensar para a compreensão do
mundo e a inserção na esfera pública, devendo este exercí-
cio ser fomentado na escola pela partilha de histórias e/ou
temas geradores que não informam sentidos pré-estabele-
cidos, mas levam os alunos a pensarem sobre estas histórias
e temas ao se reconhecerem neles e assim perceberem-se
como parte deste espaço-tempo.
O professor, pela posição que ocupa e pelos saberes
que possui, pode contribuir com as crianças e jovens em sua
familiarização com o mundo, a qual representa um “deitar
raízes”, isto é, estabelecer sua presença neste espaço-tempo,
o que se torna indispensável para que possam engajar-se na
conservação e renovação da herança recebida. Assim, para
Carvalho (2013, p. 39), a educação é a forma como cada um
de nós vem a
deitar raízes
neste mundo, ao qual chegamos
como estrangeiros, mas com o qual podemos desenvolver
laços de pertença e compromissos de renovação de modo a
torná-lo
nosso mundo
.
A educação coopera, portanto, para que os estudantes
superem a condição de forasteiros, compreendendo o mundo
no qual estão se inserindo. Para tanto, os conhecimentos são
imprescindíveis, pois permitem o entendimento dos saberes,
das práticas e das linguagens partilhadas pelos indivíduos
das diferentes gerações. Mas, além de conhecer, é necessário
pensar, posto que o sentido das experiências humanas não é
dado
a priori
, compreendê-lo demanda reflexão.
Obviamente, uma vida sem pensamento é possível e,
como assevera Arendt (1991a, p. 209-210), a incapacidade
de pensar não é um defeito da maioria que tem falta de ca-
pacidade cerebral, mas uma possibilidade sempre presente
para todos – cientistas, eruditos, não excluindo outros es-