XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1935
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
Aos educadores é possível concordar com Freire e
apostar em uma educação capaz de ensinar a pensar certo.
Ou, podem optar por seguir a posição arendtiana, segundo
a qual o professor não ensina a pensar, mas narra histórias
que mobilizar o pensar e inserir-se no mundo. Contudo, se-
guindo uma ou outra destas concepções, o que não podem
os professores é negligenciar o papel da educação frente
ao pensar em busca do sentido. Não há como negar que
a educação precisa preocupar-se com o pensar, para além
do conhecer, sendo que esta atividade pode ser complexa e
até mesmo pouco gratificante, porém imprescindível para a
humanização dos indivíduos.
Este é um chamamento importante para que as aten-
ções voltem-se não tanto para as metodologias de ensino
ou para os resultados das avaliações internas e externas à
escola, e sim para as responsabilidades da educação na aco-
lhida das novas gerações e com a formação humana, ética
e cidadã, voltada ao pensar e ao agir por amor ao mun-
do. Somente assim é possível encontrar formas de evitar a
tendência à recusa ao pensamento (não-pensamento). Esta
tendência, surgida a partir da modernidade, caracteriza-se
pela adesão a preconceitos e pela aceitação acrítica de in-
formações, dados e fatos.
O não-pensamento vincula-se à incapacidade de jul-
gar e a um comportamento condicionado que se distancia
da iniciativa e da ação. Trata-se de um modo de vida em que,
segundo Critelli (2013, p. 56), o homem vivencia uma pseudo-
liberdade, pois o prazer e a satisfação são experimentados in-
dividualmente, impedindo a vivência da liberdade enquanto
ação que envolve os homens no plural, no sentido arendtia-
no: “ser livre e agir são uma e a mesma coisa” (ARENDT, 1972,
p. 199). Desse modo, a
apolítica
, decorrente do consumo e
da necessidade, pode ser considerada o avesso do amor ao
mundo, por afastar os indivíduos da liberdade e da ação con-
junta em função do coletivo e do espaço público.
Revitalizar a política, superar o enredamento pelo con-
sumo e atribuir sentido à presença no mundo, para além da