1870
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
nal
denota a
reciprocidade
deste processo na tríade:
eu,
o
outro
e o
mundo.
Um processo que pressupõem reconheci-
mento, uma vez que “capto o ser,
sou
captação do ser, não
sou senão captação do ser; e o ser que capto não se põe
contra mim para captar-me por sua vez: é aquele que é cap-
tado. Simplesmente, seu ser não coincide de modo algum
com seu ser-captado” (SARTRE, 2015, p. 761).
O autor nos faz refletir sobre a complexidade do mo-
vimento dialético existencial que é estabelecido na relação
tecida para constituição ontológica do
ser sendo
, ou seja, na
construção de
si
. Essa dinâmica intra e intersubjetiva co-ha-
bita muitas territorialidades, nasce dos (des) encontros co-
tidianos que travamos conosco e com os outros; produz re-
conhecimentos, sentimentos de pertença, faz parte da cons-
tituição da identidade individual e coletiva sempre aberta,
inconclusa, provisória, em permanente transformação.
Mais uma vez, percebemos encontros entre as percep-
ções fenomenológicas e as leituras de Freire (1987), espe-
cialmente quando o autor reflete sobre as bases dialógicas
da constituição encarnada da consciência de
si
, onde o “diá-
logo fenomeniza e historiciza a essencial intersubjetividade
humana; ele é relacional [...] os dialogantes “admiram” um
mesmo mundo; afastam-se dele e com ele coincidem; nele
põem-se e opõem-se; a consciência é existência na busca
por fazer-se” (FREIRE, 1987, p. 08).
Percebemos que as dimensões
dialogicidade
e
cons-
ciência/conscientização
ganham destaque e contornos pró-
prios em cada paradigma aqui apresentado. Sendo ponto de
convergência o
olhar
político marcado pela
intencionalidade
comprometida com o
existir
. Entendemos que a Educação
Popular representa uma expressividade latina que
luta
para
qualificar processos e pessoas desde os saberes cotidianos;
da experiência singular e coletiva do enfrentamento ao de-
semprego, da mercantilização e feminização das pobrezas,
da fome, da vida e da morte. Do modo como o percebemos,
é um projeto contra-paradigmático que visa transcender es-
truturas culturais baseadas em lógicas desumanas.