XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1865
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
o “pai” da fenomenologia, na relação com Merleau-Ponty
(1908-1961), filósofo francês que contribuiu para a constru-
ção de uma fenomenologia existencial dialógica
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.
Motta
5
(1997), fazendo
uma descrição fenomenológica
das mudanças existenciais
, diz que Merleau-Ponty foi “citado
como o filósofo que reviu os principais temas da fenomeno-
logia Husseriana: ciência das essências, redução, intenciona-
lidade, racionalidade. É ele que esboça a passagem de uma
filosofia descritiva para uma filosofia ‘existencialista’” (p. 40).
A categoria
intencionalidade
em Merleau-Ponty avança so-
bre a visão fenomenológica idealista
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radicalizando ao pro-
por a
corporeidade
como
intencionalidade.
Aqui encontra-
mos os primeiros aspectos da
dialética da existência
:
[...] temos experiência de nós mesmos, desta cons-
ciência que somos, é sobre esta experiência que se
medem todas as significações da linguagem e é ela
que faz com que justamente a linguagem signifique
alguma coisa para nós. “E a experiência [...] ainda
muda que deve ser conduzida à expressão pura de
seu próprio sentido. As essências de Husserl devem
conduzir consigo todas as relações vivas da expe-
riência, como a rede traz do fundo do mar todos os
peixes e algas palpitantes [...]”. Buscar a essência do
mundo, não é buscar o que ele é em ideia, uma vez
que o reduzimos a tema de discurso, é buscar o que
ele é de fato para nós antes de qualquer tematiza-
ção. (MERLEAU-PONTY, 1971, p. 13).
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A Fenomenologia de Husserl inspira o pensamento de muitos filósofos
e cientistas contemporâneos, entre eles, Alexander Pfander, Martin Hei-
degger, Max Scheler, Karl Jaspers, Paul Ricoeur, Maurice Merleau-Ponty,
Jean Sartre (MOTTA, 1997, p. 32).
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Maria da Graça Corso da Motta é enfermeira, Doutora em Enfermagem
pela UFSC, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa: Cuidado à Saúde das Pes-
soas, Famílias e Sociedade (UFSM). Esta discussão faz parte da Tese Douto-
ral intitulada
O ser doente no tríplice mundo da criança, família, e hospital:
uma descrição fenomenológica das mudanças existenciais
(1997).
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A epistemologia fenomenológica possui escolas distintas: uma de perfil
idealista, outra existencial; estas convivem com ambiguidades herdadas
pela tradição filosófica binária. Trabalhando sobre o retorno husserliano ao
“mundo da vida” (
Lebenswelt
), Merleau-Ponty (re)pensa o “aparecimento”
da vida e do mundo (natural, social, histórico) sem nenhum resíduo dualis-
ta e/ou reducionista (FERREIRA, 2018).