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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Elencando a
existência
enquanto dimensão de uma
in-
tencionalidade encarnada
Merleau-Ponty anuncia uma mili-
tância em torno de um
projeto social
que só pode
ser
desde
a problematização de vidas relegadas a um
não-lugar
. Parte
do (auto) reconhecimento de
si
e do
outro
em direção a um
mundo
que
nos
cerca, que está em
nós
tanto quanto
nós
estamos
nele
- Uma arena onde se travam enfrentamentos
diários. Aqui já é possível perceber aproximações com os
pressupostos libertadores freireanos.
Pois está se anunciando uma
intencionalidade
que
“reconhece a própria consciência como projeto do mundo,
destinada a um mundo que ela não envolve nem possui,
mas para o qual ela não deixa de se dirigir [...] A relação com
o mundo, tal como se pronunciou infatigavelmente em nós
[...]” (MERLEAU-PONTY, 1971, p. 15).
Encontramos elementos importantes na filosofia fe-
nomenológica existencial merleaupontyana que nos ajudam
problematizar os limites de perspectivas cindidas; colocam-
-nos em situação de estabelecer diálogos entre distintas
correntes filosóficas e científicas. Freire também insistia nes-
te aspecto dialógico, do respeito entre os olhares, inclusi-
ve os antagônicos. A conexão com o materialismo dialético
marxista, por exemplo, discussão feita por Giovedi
7
(2006, p.
53), que indica que esta se dá na medida em que:
[...] dá bastante ênfase nas condições objetivas nas
quais os indivíduos estão inseridos e que preci-
sam ser entendidas se quisermos compreender as
diversas manifestações da subjetividade humana.
Portanto, as condições materiais de existência são
dados fundamentais na compreensão de qualquer
fenômeno social. (GIOVEDI, 2006, p. 53).
Passos (2014) concorda com esta posição ao dizer
que a “fenomenologia merleaupontyana não é antimarxia-
7
Valter Martins Giovedi, brasileiro, é Doutor pelo Programa de Educação:
Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012). É profes-
sor do mestrado profissional em Educação da UFES. Dialogamos a partir de suas
reflexões em torno da
Inspiração fenomenológica na concepção de ensino-
-aprendizagem de Paulo Freire
(2006).