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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
sem ruptura. Desse modo não é possível dizer que há uma
totalidade universal – macro ou micro situada, pois não há
uma parte que se encontra definitivamente dentro (subjetivi-
dade) e outra fora (objetividade). A
totalidade
na fenomeno-
logia existencial, neste contexto, não é uma categoria dado
seu conteúdo transcendental, mas uma dimensão que acolhe
a ambiguidade inerente ao ser, ao mundo e suas (inter) rela-
ções como totalidades impossíveis de serem sintetizadas.
Neste sentido a
totalidade
encontra na expressividade
do corpo possibilidades de questionar/enfrentar os totali-
tarismos que cindem dimensões que deveriam ser inexora-
velmente unidas. Dialoga com Freire (1996) quando ele diz
que “O homem existe –
existere
– no tempo. Está dentro.
Está fora. Herda. Incorpora. Modifica. Porque não está preso
a um tempo reduzido a um hoje permanente que o esmaga,
emerge dele. Banha-se nele. Temporaliza-se” (p. 49).
O sentido de quiasma em Merleau-Ponty é uma di-
mensão que representa bem a noção de totalidade feno-
menológica, um movimento sem fissuras, sem sínteses, mas
como complexos inteiriços e densos, porém singulares e
incompletos. Neste, um exemplo são os sentidos que o si-
lêncio pode assumir (ora opressão; ora resistência; ora estra-
tégia; ora dor).
O quiasma trata da abertura polissêmica dos senti-
dos e mais sentidos que as palavras, conceitos, práticas e
dimensões podem possuir. Neste sentido, o olhar lançado
está umbilicalmente relacionado com o contexto da corpo-
reidade situada existencialmente e localizada historicamen-
te, ou seja, configura-se numa relação ontológica antes de
epistemológica. Desse modo não é possível dizer que há
uma totalidade, mas totalidades que por vezes são comple-
mentares, por vezes antagônicas.
Conforme Passos, é a partir de uma transcendência
para baixo, “no encontro radical com a carne original do ser”
(PASSOS, 2014, p. 44) que se promove a (re) produção dos
sentidos sempre provisórios, parciais, inéditos em sua cor-
poreidade, totais em suas inter-relações. Sobre esta com-