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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1869

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

preensão Freire (2010, p. 78) entende que a “transcendência

é a capacidade da consciência humana de sobrepassar os

limites da configuração objetiva. Sem esta capacidade nos

seria impossível a consciência do próprio limite”.

Esta circularidade promovida pela

dialética existencial

perpassa as relações travadas/compartilhadas na constru-

ção compreensiva das possibilidades semânticas presentes

nas experiências vividas. Valorizar, no processo de pesquisa,

as experiências de vida, de trabalho e dos saberes cotidianos

como base para construção da conscientização engajada faz

parte da dinâmica libertadora que Freire e Merleau-Ponty

defenderam.

Outra aproximação trata-se da radicalidade do com-

promisso

ético e estético

com a pessoa situada num contexto

social marginalizado – um

ser ontológico com vocação

de

ser

mais

(FREIRE, 1987; 2001). É uma

intencionalidade

do corpo

que mobiliza e articula

homens-mundos

9

numa ação

dialéti-

ca/dialógica

. A

Ontologia do Ser

segundo Sartre

10

:

[...] nos fornece duas informações que podem servir

de base [...] a primeira é que todo esse processo

de fundamento de si é ruptura do ser, tomada de

distância do ser em relação a si mesmo e aparição

da presença a si, ou consciência [...] A outra é que

o Para-si é

efetivamente

projeto perpétuo de fun-

damentar a si mesmo enquanto ser e perpétuo

fracasso desse projeto [...] a reflexão representa o

redobramento do projeto [...] o “fazer” e o “ter”, ca-

tegorias cardeais da realidade humana, reduzem-se

de modo imediato ou mediato ao projeto de ser [...]

(2015, p. 756-757).

A construção de

si

percebida como

projeto

que parte

de uma

corporeidade

entendida como uma relação

intencio-

9

Homem-mundo é uma dimensão problematizada por Freire quando in-

troduz a ideia de “hominização” que “não é adaptação: o homem não se

naturaliza; humaniza o mundo. A “hominização” não é só processo bioló-

gico, mas também história” (1987, p. 07).

10 Jean Paul-Sartre, filósofo Francês (1905-1980), militante das causas filosó-

ficas em prol da vida e da libertação. Por muito tempo foi amigo, colabo-

rador e cúmplice de escrita, ideias e militâncias com Merleau-Ponty. Aqui

dialogamos a partir da obra O ser e o Nada (2015).