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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1843

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

vanguarda revolucionária e/ou docente pretensamente mais

esclarecida. Como afirma Bakunin de forma categórica: “as

faltas cometidas pelo despotismo são sempre mais funestas

e menos remediáveis do que as cometidas pela liberdade”

(MORIYÓN, 1989, p. 44).

Outra preocupação característica da pedagogia li-

bertária é a educação integral. Desde os escritos acerca da

educação, elaborados por anarquistas como Proudhon, Ba-

kunin e Kropotkin, que remontam ao século XIX, a ideia de

uma educação que vise à formação integral dos educandos

está presente. Esta elaboração teórica perpassou desde as

práticas de diversos pedagogos anarquistas, ou simpatizan-

tes, como Paul Robin, Sébastien Faure e Francisco Ferrer y

Guardia, até as iniciativas educativas desenvolvidas pelos

libertários, anarco-comunistas e anarco-sindicalistas, duran-

te as primeiras décadas do século XX no Brasil. A educação

integral busca desenvolver todas as possibilidades do edu-

cando, sejam elas físicas, mentais, afetivas ou intelectuais,

ao mesmo tempo em que procura romper com o estreito

marco da divisão entre trabalho intelectual e trabalho bra-

çal, que a sociedade capitalista desenvolve e reproduz nas

escolas simpáticas aos seus princípios. Ao comentar sobre a

colaboração de Kropotkin em relação à teoria da educação

integral, Félix Garcia Moriyón desenvolve a ideia de que essa

contribuição da pedagogia libertária representa uma

concepção mais complexa e rica daquilo que deve

pressupor a educação; a educação integral não é só

um problema didático restrito ao âmbito da escola,

mas também pressupõe toda uma concepção dis-

tinta da sociedade e das relações humanas; mani-

festa-se assim insuficiente a aplicação desse ensino

integral e ativo somente à escola, enquanto toda a

sociedade funciona de outra maneira. Do mesmo

modo, de nada serviria se não fosse articulada com

um projeto antropológico mais amplo cujo pilar bá-

sico seria precisamente o apoio mútuo e a solida-

riedade, a colaboração de todos os seres humanos

na solução dos problemas que a natureza nos apre-

senta (1989, p. 32).