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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
montam a experiências anárquicas ocorridas durante o final
do século XIX e início do século XX, tais como a Comuna de
Paris, em 1871, e a Revolução Espanhola, de 1936 até 1939.
A autogestão traduz de forma bastante coerente os princí-
pios do anarquismo (que na própria etimologia quer dizer
“sem governo”), pois visa organizar e administrar as relações
sociais abolindo a divisão hierárquica e classista, as inter-
mediações, a autoridade e todos os privilégios decorrentes
destas características, no seio dos grupos, organizações e
instituições sociais. Visa torná-las, portanto, administradas
e organizadas por todo o conjunto de indivíduos que vivem
em sociedade e que trabalham em âmbitos específicos des-
ta, tais como as fábricas, escolas, sindicatos, etc., através de
uma divisão igualitária das tarefas e também dos frutos do
trabalho coletivo. Desta forma, “a tese da autogestão se ba-
seia na demonstração da incapacidade congenital de toda
minoria isolada para ‘conduzir’ as ações da totalidade dos
homens” (GUILLERM; BOURDET, 1976, p. 80).
A autogestão não deve ser entendida enquanto um fim
em si, mas um meio bastante importante dos seres humanos
se desenvolverem no sentido de construírem e consolidarem
relações livres e solidárias, uma ferramenta de emancipação
individual e coletiva. Na medida em que engaja os indivíduos
na organização e administração das diferentes instituições
sociais, já não mais baseadas em relações de autoridade, a
autogestão representa uma manifestação de expansão da
autonomia dos indivíduos, que assumem a responsabilidade
pelas suas próprias ações e reflexões acerca da totalidade do
meio social no qual está inserido. Neste sentido,
A autogestão é uma transformação radical, não
somente econômica mas política, levando-se em
conta que ela destrói a noção comum de política
(como gestão reservada a uma casta de políticos)
para criar um outro sentido da palavra política: a sa-
ber, a manipulação, sem intermediário e em todos
os níveis, de todos os “seus negócios” por todos os
homens (Ibidem, p. 30-1).