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XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

1839

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

e, em alguns casos mais extremados, os chamados “atos de

terrorismo”. Entretanto, esta fama atribuída ao movimento

anarquista olvida um dos sustentáculos da teoria ácrata, e

prática de vários anarquistas, que é a preocupação com a

educação. Em termos gerais, a educação através de escolas

libertárias, dentre outros tantos meios de conscientização,

deve se articular com todo o processo revolucionário, ga-

rantindo que ele possa ocorrer de acordo com os princípios

libertários.

Desde as primeiras formulações teóricas por parte

dos anarquistas, e das primeiras iniciativas educacionais dos

mesmos, a pedagogia libertária se caracterizou por uma crí-

tica ferrenha à educação ministrada em instituições escola-

res de cunho religioso ou estatal. Estas instituições eram, e

continuam sendo, identificadas pelos libertários enquanto

espaços de atuação em conformidade com o capitalismo e

todas as suas tendências opressivas. Além de identificarem

na estrutura de ambas as escolas um ambiente autoritário,

hierárquico e disciplinador, a serviço do modo de produção

capitalista, também criticavam os conteúdos implícitos ou

explícitos nos programas educacionais destas instituições,

caracterizando o ensino de escolas religiosas, principalmen-

te as católicas, enquanto difusoras de um conteúdo supers-

ticioso e falso, e as estatais como propagadoras de um sen-

timento de patriotismo. Neste sentido, em uma dupla crítica,

o pedagogo Francisco Ferrer y Guardia afirma que na transi-

ção do padrão religioso para o ensino laico estatal “Deus foi

substituído pelo Estado; a virtude cristã pelo dever cívico; a

religião pelo patriotismo; a submissão e a obediência ao rei,

ao aristocrata e ao clero pelo acatamento ao funcionário, ao

proprietário e ao patrão” (LUIZETTO, 1987, p. 60).

Uma das propostas que mais aparecem nos projetos

libertários, em contraste com a lógica existente no capita-

lismo, é o princípio da autogestão, que na educação anar-

quista é desenvolvida enquanto autogestão pedagógica.

Embora o termo “autogestão” só tenha sido elaborado e

popularizado na década de 1960, as suas características re-