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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
o caráter pedagógico destes ambientes e ações sociais de
cunho político.
No ambiente escolar autogestionário, através dos
princípios anarquistas, as relações pedagógicas devem
ocorrer pela aprendizagem e ensino mútuos, trabalhando
sempre por meio de princípios solidários, desconstruindo os
argumentos e práticas que ordenam a competição compul-
sória entre indivíduos, quando submetidos à sociedade ca-
pitalista. Neste sentido, a relação docente-discente deve ser
problematizada, não mais educador e educando, mas sim
educadores e educandos ensinando e aprendendo através
de relações horizontais permeadas pelo apoio mútuo e pela
liberdade. Entretanto, é preciso considerar que os indivíduos
constituindo suas existências objetivamente em um contex-
to capitalista caracterizado por relações de opressão estão
vulneráveis a reproduzir comportamentos pautados em re-
lações de autoridade e competição. Desta forma, como afir-
ma Silvio Gallo:
A tarefa da pedagogia libertária é uma tarefa des-
trutiva, des-construtiva: é preciso primeiro destruir
para depois criar, nas palavras de Bakunin. Nessa
perspectiva, deve-se partir da vivência da autorida-
de, como vimos anteriormente, para destruí-la pau-
latinamente, enquanto a liberdade é conquistada e
construída como fenômeno ao mesmo tempo indi-
vidual e coletivo (1995, p. 216).
Percebe-se assim, que não deve ser objetivo do edu-
cador reproduzir as relações de autoridade que a escola tra-
dicionalmente atribui ao professor perante os alunos. Pelo
contrário, toda a ação educativa deve partir do pressupos-
to de construção coletiva da liberdade, através da respon-
sabilidade, autodisciplina e autonomia do educador e dos
educandos inseridos no processo educativo, configurando
assim uma superação da relação contraditória docente-dis-
cente. São preferíveis as dificuldades e complexidades de
um ato educativo pautado pela horizontalidade da reflexão,
diálogo e ação, a optar por simplesmente memorizar e re-
petir slogans e palavras de ordem, advindos de uma suposta