XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
1847
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
mesmo considerando as limitações presentes no ambiente
escolar capitalista, a escola pode ser considerada um espaço
de embates políticos transformadores. Segundo o próprio
Freire argumenta:
Se esta educação somente pode ser realizada, em
termos sistemáticos, pela sociedade que fez a re-
volução, isto não significa que a liderança revolu-
cionária espere a chegada ao poder para aplicá-la.
No processo revolucionário, a liderança não pode
ser “bancária”, para depois deixar da
sê-lo (FREIRE,
2005, p. 87).
Nestes termos, considerando a instituição escolar, or-
ganizada sob qualquer aspecto pelos ditames do Estado ca-
pitalista, a pedagogia freireana destoa das concepções de
Ivan Illich e dos educadores anarquistas. Todavia, deve ser
salientado também que Paulo Freire aborda em sua obra a
possibilidade desta instituição ser superada pela organiza-
ção dos chamados “Círculos de Cultura”, espaços dialógicos
que visam à atividade pedagógica crítica, na qual os conteú-
dos presentes na “educação bancária” são substituídos por
“temas geradores”, conceito que propõe a problematização
da realidade vivida por educadores e educandos, possibili-
tando a “leitura o mundo” através deste processo.
Na leitura que Ivan Illich realiza acerca da questão
educação e(m) sociedade, existe a difusão, pelos capitalistas,
de que a escola seja o espaço educacional e educativo por
excelência, tratando de inculcar, explícita ou implicitamente,
a ideia de que a escola é necessária para que exista educa-
ção, sendo que esta argumentação de imprescindibilidade
atende a alguns interesses do Estado e de grupos sociais
dominantes existentes no meio capitalista, por exemplo: aju-
da a consolidar a possibilidade da obrigatoriedade de ensi-
no, duramente criticada também pelos libertários. Enquanto
possibilidade de superação deste contexto, Illich propõe a
desinstitucionalização da escola e da sociedade, ou seja, o
fim do monopólio educacional pela instituição escolar, e a
criação de ambientes educacionais diluídos em uma socie-