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1846

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

va libertária em educação, pois estes consideram o Estado,

e consequentemente a escola estatal, enquanto instituições

classistas, hierárquicas, burocratizadas, autoritárias, compe-

titivas, enfim, verticais. Segundo Illich, a escola na história

recente da sociedade industrial ocidental pode ser caracte-

rizada enquanto uma espécie de fábrica nos moldes capita-

listas, interessada na produção de indivíduos subservientes

à lógica do capital. Nas palavras do próprio autor, a escola

“é a agência publicitária que nos faz crer que precisamos da

sociedade tal qual ela é” (ILLICH, 1973, p. 180).

Freire e Illich consideram, portanto, que a educação

está inserida no contexto de relações de poder existentes

na sociedade capitalista, e tratam de conceber perspectivas

de superação destas condições hierárquicas que permeiam

as relações no processo pedagógico. De acordo com a pers-

pectiva freireana (FREIRE, 2005), o processo de libertação

desenvolvido nas relações pedagógicas entre educadores e

educandos, visando à superação desta dualidade, é caracte-

rizado enquanto uma educação crítica, problematizadora e

dialógica, na qual o processo de conscientização ocorre por

meio da práxis, diálogo entre reflexão e ação, com o intuito

de transformar a realidade social que contextualiza o am-

biente pedagógico em questão, considerando estes atores

sociais enquanto sujeitos, e não objetos. Esta diluição das

relações hierárquicas existentes entre educador e educando,

em uma nova relação de aprendizagem de viés horizontal,

dialoga com as perspectivas pedagógicas libertárias.

Em contraposição a esta educação crítica, Freire carac-

teriza a perspectiva educacional opressora enquanto “edu-

cação bancária”, na qual o educador, supostamente deten-

tor do conhecimento, transfere os conteúdos para os edu-

candos que não os possuem. Nas palavras de Álvaro Vieira

Pinto, acerca desta concepção bancária de educação: “a

prática pedagógica é contraditória. É duplamente contradi-

tória porque ela supõe que quem ensina sabe, quando não

sabe e quem aprende não sabe, quando, na verdade, sabe”

(PINTO, 2005, p. 24). É importante pontuar que, para Freire,