XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
Conteúdos como estudo das células, ciclo celular, di-
visões celulares e classificação dos seres vivos, os quais em
aparência, tem um cunho meramente técnico e deslocado
de uma função social, permitiram discussões sobre o trata-
mento de doenças como o câncer, os fins políticos sobre o
desenvolvimento de determinadas áreas da saúde e sua re-
lação com a indústria farmacêutica. Além disto, permitiram
uma reflexão mais crítica e descolada dos pré-conceitos do
ciclo de infecção do vírus HIV e desenvolvimento da AIDS,
bem como os fatores reais de transmissão da doença, elimi-
nando concepções opressoras de “grupo de risco” a partir
do diálogo franco e fundamentado no campo da ciência.
Na abordagem das temáticas de genética, biologia
molecular e evolução também foi possível não apenas apos-
tar em recursos didáticos que permitissem a concretização
dos assuntos como também um diálogo acerca do quanto
a ciência, assim como qualquer instrumento produzido pelo
ser humano, é despida de neutralidade, ou seja, a ciência
tem lado. A materialização disto se deu quando foi tratado
da Eugenia e do Darwinismo Social os quais tiveram fun-
damentação biológica para a execução de suas opressoras
teorias.
No tocar dos conteúdos de fisiologia foi possível re-
lacionar o que está previsto para o ENEM com debates de
gênero, sexualidade e raça, ao tratar o corpo humano em
suas múltiplas possibilidades de manifestações histórico-
-culturais-identitárias, vendo-o para além do conjunto de
células, tecidos, órgãos e sistemas de órgãos. No assunto do
“sistema reprodutor” foi adotado para propósito de estu-
do a nomenclatura de “sistema com vagina” e “sistema com
pênis”, permitindo a abordagem da existência de mulheres
com pênis e homens com vagina, que não necessariamente
irão utilizar destes para a reprodução.
Na temática de ecologia, biodiversidade e impactos
ambientais a expressiva politização dos encontros permitiu
que os debates superassem as concepções e ideologias que
Henri Acserald (2009) denominou “senso comum ambien-