Table of Contents Table of Contents
Previous Page  758 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 758 / 2428 Next Page
Page Background

758

EIXO 6 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E ALFABETIZAÇÃO

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

que contextualizam as bases legais, formulação e aplicabi-

lidade das leis de acordo com o contexto e conflitos histó-

ricos sociais. Deste modo, demonstra como a classe domi-

nante subjugou segmentos sociais inteiros, que sofrem as

consequências até hoje com tal desigualdade. A educação

escolar fora negada por séculos aos negros escravizados,

índios, migrantes e seus descendentes. Neste sentido, o Pa-

recer 11/2000 lembra-nos:

No Brasil, esta realidade resulta do caráter subal-

terno atribuído pelas elites dirigentes à educação

escolar de negros escravizados, índios reduzidos,

caboclos migrantes e trabalhadores braçais, entre

outros. Impedidos da plena cidadania, os descen-

dentes destes grupos ainda hoje sofrem as conse-

quências desta realidade histórica. Disto nos dão

prova as inúmeras estatísticas oficiais. A rigor, es-

tes segmentos sociais, com especial razão negros

e índios, não eram considerados como titulares do

registro maior da modernidade: uma igualdade que

não reconhece qualquer forma de discriminação e

de preconceito com base em origem, raça, sexo,

cor, idade, religião e sangue entre outros. Fazer a

reparação desta realidade, dívida inscrita em nossa

história social e na vida de tantos indivíduos, é um

imperativo e um dos fins da EJA porque reconhece

o advento para todos deste princípio de igualdade

(BRASIL, 2000, p.6).

O documento nos esclarece que a função reparadora

da EJA, além de possibilitar a entrada destes feitos desiguais

no circuito dos direitos civis, reavendo o direito a uma es-

cola de qualidade, também o reconhece como ser igual. O

reconhecimento do princípio da igualdade remete à dialogi-

cidade da Pedagogia do Oprimido, pois

se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se tão

homem quanto os outros, é que lhe falta ainda mui-

to que caminhar, para chegar ao lugar de encontro

com eles. Neste lugar de encontro, não há igno-

rantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens

que, em comunhão, buscam saber mais (FREIRE,

2014, p.112).