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EIXO 6 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E ALFABETIZAÇÃO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
A função equalizadora também se propõe a atender
os encarcerados. A educação prisional é um direito e, ao
mesmo tempo, problema social grave. De acordo com o
Ministério da Justiça do Departamento Penitenciário Nacio-
nal (BRASIL, 2011) 18% dos presos em 2010. no Brasil, eram
analfabetos, e 59% possuíam ensino fundamental incomple-
to. Este terrível quadro retrata o tamanho do problema que
nossa sociedade possui e, ao mesmo tempo, ignora.
O sistema penitenciário, dos dados aqui analisa-
dos, apresenta, sem nenhuma dúvida, as estatísticas mais
preocupantes, pois privar de liberdade não irá restabele-
cer ninguém, não irá reintegrar o indivíduo à sociedade. A
construção da cidadania se faz urgente para que se possa
favorecer melhores formas de inserção na sociedade dos
encarcerados. O direito à educação é universal e inclui a
educação de jovens e adultos. Deste modo, se é univer-
sal, inclui pessoas livres e privadas de liberdade, ainda que
com problemas com a lei, negá-lo impede ao preso seu
acesso aos direitos fundamentais e o submete à condição
de sub-cidadania.
O reingresso ao sistema educacional remete às ques-
tões de humanização que Freire nos apresenta quando in-
fere que os homens reconhecem o pouco saber de si quan-
do “se fazem problema a eles mesmos” (FREIRE, 2014, p.39)
realizando um exercício reentrante de questionar e buscar
respostas, num movimento de humanização que os faz re-
conhecer a desumanização. Para o autor a humanização é
uma “vocação negada na injustiça, na exploração, na opres-
são, na violência dos opressores. Mas afirmada no anseio de
liberdade, de justiça, de luta dos oprimidos, pela recupera-
ção de sua humanidade roubada” (idem, p.40). Todavia, o
autor enfatiza que esta consciência de si como oprimidos
não se constitui por uma busca de superação por si só, pois
estão imersos à realidade opressora. E, “tocados pelo medo
da liberdade, se negam a apelar a outros e escutar o ape-
lo que se lhes faça ou que se tenham feito a si mesmos,
preferindo a gregarização à convivência autêntica” (idem, p.