XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS
disso, este vínculo proporcionava aos/às alfabetizandos/as
uma visão crítica do mundo, ao mostrar que a palavra escri-
ta, também é a ação que se ilustrava na conjuntura cubana
da década de 60. Portanto temos uma palavra-ação, onde o
ato criador da leitura se faz em conjunto com a ação, com o
trabalho, com a Revolução.
A “
palavramundo
” de Paulo Freire e a Campanha
Nacional de alfabetização cubana
Tomando como premissa de que a leitura do mundo
precede a leitura da palavra, é assertivo afirmar que tal leitu-
ra é um ato de experiência existencial. Isto equivale a dizer
que a ação de ler não se limita à decodificação dos grafemas
e a sua consequente decifração, antes é atividade histori-
camente situada porque traz consigo o exercício de cons-
cientização e de entendimento material e social das palavras
do mundo do leitor. O ensino da leitura das palavras, colo-
cando o oprimido enquanto sujeito em consonância com o
mundo, por si só é revolucionário. A concepção “bancária”
se coloca como uma educação da ordem opressora, a qual
ensina palavras “falsas”, que não possuem sentido prático
na vida dos/as alfabetizandos/as. Nesta ideia de educação,
o alfabetizador “enche” de palavras as “mentes vazias” de
seus alunos. Freire (1989) ilustra como ocorre o ato criador
da alfabetização:
Como eu, o analfabeto é capaz de sentir a caneta,
de perceber a caneta e de dizer caneta. Eu, porém,
sou capaz de não apenas sentira caneta, de perce-
ber a caneta, de dizer caneta, mas também de es-
crever caneta e consequentemente, de ler caneta.
A alfabetização é a criação ou a montagem da ex-
pressão escrita da expressão oral. Esta montagem
não pode ser feita pelo educador para ou sobre o
alfabetizando. Aí tem ele um momento de sua tare-
fa criadora (p. 13).
Como uma alternativa crítica ao modelo “bancário” de
educação, Freire criou um método que possibilitou o uso