Table of Contents Table of Contents
Previous Page  55 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 55 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

55

EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS

disso, este vínculo proporcionava aos/às alfabetizandos/as

uma visão crítica do mundo, ao mostrar que a palavra escri-

ta, também é a ação que se ilustrava na conjuntura cubana

da década de 60. Portanto temos uma palavra-ação, onde o

ato criador da leitura se faz em conjunto com a ação, com o

trabalho, com a Revolução.

A “

palavramundo

” de Paulo Freire e a Campanha

Nacional de alfabetização cubana

Tomando como premissa de que a leitura do mundo

precede a leitura da palavra, é assertivo afirmar que tal leitu-

ra é um ato de experiência existencial. Isto equivale a dizer

que a ação de ler não se limita à decodificação dos grafemas

e a sua consequente decifração, antes é atividade histori-

camente situada porque traz consigo o exercício de cons-

cientização e de entendimento material e social das palavras

do mundo do leitor. O ensino da leitura das palavras, colo-

cando o oprimido enquanto sujeito em consonância com o

mundo, por si só é revolucionário. A concepção “bancária”

se coloca como uma educação da ordem opressora, a qual

ensina palavras “falsas”, que não possuem sentido prático

na vida dos/as alfabetizandos/as. Nesta ideia de educação,

o alfabetizador “enche” de palavras as “mentes vazias” de

seus alunos. Freire (1989) ilustra como ocorre o ato criador

da alfabetização:

Como eu, o analfabeto é capaz de sentir a caneta,

de perceber a caneta e de dizer caneta. Eu, porém,

sou capaz de não apenas sentira caneta, de perce-

ber a caneta, de dizer caneta, mas também de es-

crever caneta e consequentemente, de ler caneta.

A alfabetização é a criação ou a montagem da ex-

pressão escrita da expressão oral. Esta montagem

não pode ser feita pelo educador para ou sobre o

alfabetizando. Aí tem ele um momento de sua tare-

fa criadora (p. 13).

Como uma alternativa crítica ao modelo “bancário” de

educação, Freire criou um método que possibilitou o uso