52
EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
A Campanha de Alfabetização e a Revolução Cubana
Cuba estava imersa em um processo revolucionário
que acabara de derrotar, em janeiro de 1959, a ditadura
de Fulgencio Batista. Os exércitos revolucionários liderados
por Fidel Castro, desde as matas de Sierra Maestra, luta-
ram contra os exércitos do ditador até conseguir, enfim,
afastá-lo do poder. Haviam passado quase três anos nas
montanhas e de lá conseguiram liderar a articulação das
organizações de luta antibatista nas cidades. Chamava-se
Movimento 26 de Julho (M26), em referência à data do
acontecimento que pode ser considerado como o início da
revolução: o assalto ao Quartel Moncada comandado por
Fidel, em 1953, que objetivava estimular uma ampla rebe-
lião popular que culminasse na ainda distante derrubada
de Batista.
As ideias do M26 acerca de como deveriam estar es-
truturadas a sociedade e a política cubanas não eram em
absoluto inéditas. Elas representavam o desdobramento de
uma tradição que foi criada no debate político do país du-
rante o processo de independência. O próprio Fidel Castro
reivindicava para esse movimento o pertencimento a essa
linhagem política inaugurada por José Martí:
El Movimiento 26 de Julio no constituye una ten-
dencia al interior del Partido [Ortodoxo]; es el apa-
rato revolucionario del chibasismo, enraizado en
su base, de la que ha surgido para luchar contra la
dictadura cuando la ortodoxia ha demostrado ser
impotente debido a sus divisiones internas (CAS-
TRO apud MIRES, 2001).
O fato de ter sido Cuba o último país latino-america-
no a desgarrar-se do domínio colonial, somente em 1898,
permitiu que seus esforços emancipatórios aflorassem
como fenômenos sociais da modernidade, que estivessem
atrelados a lutas sociais do século XX. Decorre disso que
tais lutas puderam assumir caracteres nacionalistas, “o que
também foi fundamental quando os cubanos tiveram de
enfrentar a intervenção norte-americana” (MIRES, 2001 p.