Table of Contents Table of Contents
Previous Page  53 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 53 / 2428 Next Page
Page Background

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

53

EIXO 1 – PAULO FREIRE E DIÁLOGOS INTERNACIONAIS

280). Além disso, a presença de novos agentes sociais, tais

como uma pequena burguesia nacional, setores médios e

uma classe operária bem organizada, conferiu mais con-

cretude à luta de Martí, com propriedades nacionalistas

e ideais de uma sociedade republicana, vinculada à uma

concepção de educação.

Em 1958, os Estados Unidos da América “controla-

vam 90% das minas e fazendas cubanas, 40% da indústria

do açúcar, 80% dos serviços públicos, 50% das ferrovias e,

junto com a Inglaterra, a totalidade da indústria petrolífe-

ra” (NIEDERGANG, 1962 apud GIAMBIAGI, 1992), números

que evidenciam a terrível exploração a qual Cuba estava

submetida no período que antecede a revolução. As condi-

ções mínimas necessárias a uma existência digna, tais como

hospitais, escolas, transporte e lazer, eram negadas aos/às

trabalhadores/as rurais cubanos/as. Da mesma forma se en-

contravam as prostitutas, os operários e os funcionários dos

cassinos e bordéis, além de todos os desempregados e tra-

balhadores sazonais. Talvez isso ajude a explicar a adesão de

inúmeros camponeses à luta pela derrubada da ditadura de

Batista, luta esta que para eles representava a possibilidade

de solucionar problemas sociais crônicos, tais como a falta

de acesso à terra.

Durante a guerrilha em Sierra Maestra, já havia um

trabalho educacional desenvolvido junto aos guerrilheiros

analfabetos e nas zonas libertadas, nas quais eram construí-

das escolas cujas aulas eram ministradas por componen-

tes do exército rebelde, incluindo Che Guevara, que dava

“prioridade para o estudo e a alfabetização dos guerrilheiros

pertencentes à sua coluna” (PERICÁS, 2010, p. 395), já que

além da aprendizagem das palavras, valorizava a leitura do

mundo tão importante à Revolução.

Esse trabalho era fundamental para o êxito das rela-

ções entre o exército revolucionário e os camponeses, uma

vez que possibilitava maior diálogo entre os dois grupos e

contribuía para que a revolução conquistasse a confiança da

população. Segundo Peroni (2006),