XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 4 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO DO CAMPO:
RESISTÊNCIA E CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS
expressou uma sociedade com elevados índices de analfa-
betismo funcional, marginalizando estes indivíduos analfa-
betos. Por outro lado, “no segundo grupo, a educação foi
um instrumento de discriminação social, logo, um fator de
marginalização” (SAVIANI, 2003, p. 04). A educação (ainda)
assume um papel de produtora da marginalização, pois
produz a marginalidade cultural e de maneira específica a
escolar. Portanto, a educação sempre possui uma dimen-
são política tenhamos ou não consciência disso e assume
um caráter educativo e político para a educação e este só
cumpre seu papel quando permite a formação integral do
indivíduo.
As décadas de 1960 e 1970, no Brasil, foram momen-
tos marcantes. Com o avanço da Ditadura militar, houve
uma maior penetração do capital internacional na eco-
nomia, resultando num crescimento das contradições do
capital nacional-desenvolvimentista (FERREIRA e BRAN-
DÃO, 2011). Nesse contexto ditatorial, houve o aumento
dos movimentos operário e camponês, o surgimento de
partidos de esquerda e de grupos e entidades que almeja-
vam não só a transformação estrutural da sociedade, mas
também o comprometimento de alguns setores das Igrejas
com as lutas sociais. Além disso, o crescimento e a difusão
de experiências que viam na educação foi um dos instru-
mentos que proporcionaram uma maior conscientização
política e social e uma participação transformadora das
estruturas capitalistas presente na sociedade brasileira. A
“educação rural”, na contramão da educação do campo,
apresenta caráter manipulador e controlador da consciên-
cia sócio-política, visando à preparação de mão-de-obra
para a indústria, o comércio, o agronegócio e o mercado
sucroalcooleiro. Houve uma forte intervenção do Estado,
tanto na política, quanto na economia e na agricultura. A
intervenção do Estado teve como objetivo baratear os pre-
ços dos alimentos e das matérias primas da agroindústria,
aumentando a produção agrícola, tendo com isso aumento
na exportação (QUEIROZ, 2011).